O presente estudo exegético visa
estudar o texto de Colossenses 1. 15 – 20, a partir de uma análise
histórico-gramatical-teológica, com o objetivo de entender e extrair o sentido
original proposto pelo autor. Para isso, procurar-se-á entender
contexto
dos seus leitores originais, a fim de
perceber os fatores que influenciaram a igreja de Colossos a trocar o
verdadeiro Evangelho por outro totalmente antagônico ao de Cristo. Parte-se do pressuposto que um dos
propósitos de Paulo é combater os hereses de Colossos, os quais não negavam a
Cristo, mas não lhe davam lugar supremo. Para isso, ele mostra na perícope aqui
analisada que: o Cristo encarnado é
supremo sobre todas as coisas, pois Ele é o criador universo, a esfera na qual
tudo subsite e o agente de Deus para trazer o cosmo em harmonia
através da reconciliação
Uma
leitura atenta desta passagem nos conduz ainda para algumas questões, tais
como: Qual é pano de fundo desta passagem? O que é a conhecida no meio
acadêmico como “heresia de Colossos”? O texto aqui estudado é um hino? Se o é,
ele foi escrito pelo Apóstolo? Quais são as possíveis estruturas para este
texto? Além disso, será buscado o significado do termo πρωτότοκος
(primogênito) que aparece tanto no verso 15 como no 18, a fim de responder a
seguinte questão: Apontaria ele para Jesus como o primeiro a ser criado? Estas
serão importantes perguntas a serem respondidas, mesmo de forma breve, no
presente trabalho.
Para uma maior
compreensão, procurar-se-á estudar o texto em sua língua
original, a fim de buscar uma tradução literal do mesmo, tentando respeitar ao
máximo o sentido das palavras. Também, será apresentada a mensagem do texto,
para época da escrita, e a partir dela, perceber o significado para todas as
épocas. Dar-se-á atenção ainda aos aspectos teológicos e pastorais da passagem.
De semelhante modo, será apresentado um esboço de sermão para uma possível
pregação, já que o objetivo final deste trabalho é a pregação e aplicação das
verdades estudadas ao contexto atual da igreja. Todavia,
por considerar à profundidade dos aspectos exegéticos e teológicos da presente
perícope, várias questões permanecerão em aberto para futuras discussões e
análises.
1.
CONTEXTO HISTÓRICO E CULTURAL
Para entender o texto de
Colossenses 1. 15 – 20 faz-se necessário determinar o autor da carta, a data, o
remetente e o ambiente religioso, histórico, cultural e social no qual a igreja
se encontrava. Por esse motivo, se observará alguns aspectos que laçam luz ao
mesmo.
1.1. AUTORIA
Segundo
Daniel B. Wallace, a maioria dos estudiosos NT aceita a autenticidade de
Colossenses e considera a carta como sendo paulina.[1]
Até o século XX parece que ninguém havia questionado seriamente a autoria
paulina. No passado apenas uma minoria de estudiosos levantou dúvidas sobre
este assunto (como por exemplo: T. Mayerhoff (1838) e F. C. Baur (1845) e a
escola de Tübingen).[2]
Entretanto, segundo Carson, “no século XX, no período entre guerras, Bultmann e
outros começaram a falar de Colossenses como um escrito “deuteropaulino”, e
essa tendência tem crescido desde 1945”. Todavia, há evidências externas e
internas que apontam para uma autoria paulina. Vejamo-nas mesmo que
resumidamente.
1.1.2. EVIDÊNCIAS EXTERNAS.
Wallace,
apontando as evidências externas diz que Inácio faz várias menções de Paulo
como autor de colossenses. Policarpo e Barnabé também parecem fazer mesma
alusão. Alusões de outros pais (tais como Irineu, Clemente de Alexandria e
Orígenes) da igreja são mais fortes ainda, pois chamam colossenses
explicitamente de “a carta de Paulo”. [3]
S.
Lewis Johnson categoricamente assevera que não há evidência histórica de que a
autoria paulina de Colossenses tenha sido suspeita na igreja primitiva. Segundo
ele, Marcion (d.C. 150) reconheceu a epístola como uma carta autêntica de
Paulo. Irineu ( d.C. 190) foi o primeiro a usar a carta definitivamente. Além
disso, não há nenhuma evidência textual que esta carta circulou com o nome de
qualquer outra pessoa. Se por um lado as evidências disponíveis são um
tanto escassa, o que possuímos argumenta a favor da autenticidade da escrita.[4]
Como corretamente assevera C. Vaughan, o testemunho externo da autoria Paulina
é tão antigo e consistente que se deve evitar quaisquer dúvidas sobre sua
autenticidade. [5]
1.1.2. EVIDÊNCIAS
INTERNAS.
As
grandes dificuldades no que se refere à autoria paulina reside nas evidências
internas. Nos séculos XIX e XX, como dito supra, o consenso em torno da autoria
paulina começou a ser questionado, por vários motivos. Aqui por questão de
tempo e espaço destacaremos apenas três: o vocabulário, a teologia e o
relacionamento com Efésios.
1.1.2.1. VOCABULÁRIO
Os
opositores da autoria paulina alegam que Colossenses traz um estilo diferente,
e um acervo de vocabulários (principalmente hapax legomena, isto é
palavras às quais só ocorrem uma vez) diferentes dos que são vistos nos livros
indiscutivelmente paulinos. Todavia, como corretamente nos lembra D. A. Carson,
“isso não constitui um argumento forte contra a autenticidade da epístola, pois
o mesmo ocorre em todas as cartas de Paulo”.[6]
Harrison demonstrou que nesse aspecto colossenses enquadra-se bem dentro da
média usual de Paulo.[7]
Além disso, Barclay obseva bem que “não podemos exigir que alguém escreva
sempre da mesma maneira e com o mesmo vocabulário. Em Colossenses bem podemos
pensar que Paulo tinha coisas novas que dizer e encontrou novos modos das
expressar”.[8]
Finalmente,
Thompson tem razão ao sublinhar que,
A
ocorrência de novas palavras e frases pode ser um guia muito inseguro para
decidir se uma obra é escrita por um autor particular [...] A gama de
vocabulário de um escritor também pode ser estendido por sua experiência
própria de ampliação, e novas palavras podem ser levados para uso em novas
situações.[9]
1.1.2.2.
TEOLOGIA
Alguns
estudiosos entendem que as discussões na carta sobre a sabedoria, filosofia,
plenitude e a insistência na encarnação da pessoa teantrópica sugerem que o
autor estava lutando contra gnosticismo.[10]
Com base nisso, F. C. Baur e eruditos da escola Tübingen (e muitos outros)
argumentam de que colossenses não poderia ter sido escrita pelo apóstolo Paulo,
porque Gnosticismo combatido na carta é um fenômeno que ocorreu no segundo
século e não do primeiro. Assim, se for conectada a heresia colossenses com o gnosticismo,
então a Carta é necessariamente posterior a Paulo.[11]
Entretanto, podemos concordar com Barclay quando afirma que apesar do
gnosticismo ser uma filosofia de formulação posterior, seu embrião já se fizera
presente anteriormente. Suas palavras são:
É
verdade que os grandes sistemas gnósticos escritos são posteriores. Mas a ideia
de dois mundos, a ideia da matéria má e de que o corpo é uma tumba e que a
carne é mala já se encontravam profundamente impregnadas tanto no pensamento
judeu como no grego. Nada há em Colossenses que não possa ser explicado por
tendências gnósticas existentes durante muito tempo no pensamento antigo ainda
que sua sistematização tenha vindo obviamente mais tarde.[12]
1.1.2.3
- RELACIONAMENTO COM EFÉSIOS E FILEMON.
É
incontestável que Efésios e Colossenses estão intimamente relacionados entre
si. Por essa razão, alguns estudiosos sustentam que “uma única pessoa jamais
elaboraria dois escritos tão semelhantes: as semelhanças significariam que o
autor de uma dessas cartas escreveu imitando o outro”.[13]
Entretanto, segundo D. A. Carson, este argumento (que, diga-se de passagem, é
subjetivo) é contestável, pois:
A
melhor maneira de entender as duas epístolas é como expressões de um só
escritor, que repete alguns ou quase alguns dos mesmos pensamentos em duas
ocasiões não muito distantes uma da outra. De qualquer forma, é estranho o
argumento de que não devemos aceitar um escrito como paulino devido a suas
semelhanças com outro escrito da obra paulina.
Em
suma, as semelhanças e as ligações com a carta aos Efésios não sugerem
dependência de um sobre o outro, mas sim, que o mesmo autor escreveu para dois
grupos diferentes em condições semelhantes.
Além
disso, as fortes ligações com Filemon (que é uma carta paulina indiscutível)
confirmam a autenticidade de colossenses. Wallace, citando Guthrie, resume as
relações entre ambas às cartas, sublinhado os seguintes aspectos:
1) Ambos contêm o nome de Timóteo
com o de Paulo na saudação de abertura (Cl 1.01 ; Fm. 1 ). 2) Saudações são enviados em ambas
as cartas de Aristarco, Marcos, Epafras, Lucas e Demas, os quais estavam com
Paulo na época (Cl. 4.10-14 ; Fm. 23-24 ).
3) Em Filemom 2 Arquipo é chamado de “companheiro de armas”, e
em colossenses 4.17 ele é direcionado para cumprir seu ministério.
4) Onésimo, o escravo sobre quem a carta a Filemom é escrita, é mencionado
em colossenses 4.9 como sendo enviado com Tíquico e é descrito como
“um de vós”.
Em suma, não há nenhuma razão
justificável para duvidar da autenticidade de Colossenses. Justamente por
isso, a maioria dos estudiosos NT aceita a autoria paulina como verdadeira
1.2. DATA E OCASIÃO.
A igreja em Colossos não foi fundada por
Paulo (2:1), mas sim por Epafras, que parece ter sido enviado pelo próprio
Paulo (1:7). Vários anos depois de a igreja ter sido estabelecida, por volta do
ano 61-62, Epafras viajou à Roma
para visita Paulo durante sua prisão domiciliar em Roma. Epafras trouxe
algumas boas notícias sobre o estabelecimento da igreja em Colossos (1:4, 8;
2:5), entretanto, parece que seu objetivo principal com a visita, foi buscar
ajuda a fim de combater os falsos ensinamentos que estavam adentrando a igreja.
Foi com o propósito de instruir os colossenses e combater estes falsos ensinos
que Paulo escreveu a carta aos irmãos da cidade de Colossos e do vale
do rio Lico.[14]
1.3. A CIDADE DE COLOSSOS.
Segundo William Hendriksen, não é possível
saber com exatidão quando foi fundada a cidade de Colossos. Sabe-se que no
tempo de Xerxes essa cidade já era uma comunidade importante. Heródoto,
considerado o pai da História, por volta do ano 480 a.C., a descreve como uma
grande cidade.[15]
A
cidade de Colossos ficava ao leste do porto de Éfeso, a cerca de 10 quilômetros
de Laodicéia e 13 quilômetros de Hierápolis, no rio Lico (cf. 2:1, 4:13). Ela
foi importante no século V a.C.. Neste período, a cidade de Colossos estava
situada em uma importante rota de comércio entre Éfeso e o Oriente antigo.
Entretanto, com o passar do tempo, devido à mudança no sistema de estradas,
Colossos foi perdendo sua importância diante do crescimento de Laodicéia e
Hierápolis (Col.4.13), as quais se tornaram grandes centros comerciais.[16]
Além
disso, um forte e enorme terremoto da época do imperador romano Nero, por volta
de 60 d.C., deixou em ruínas as cidades de Colossos, Laodicéia e Hierápolis.
Enquanto as duas últimas cidades foram reconstruídas, Colossos, por sua vez,
não se recuperou mais dessa catástrofe. Aos poucos, ela foi desaparecendo da
história.[17] No começo da era cristã,
a cidade de Colossos era descrita como uma cidade pequena, assim como era
provavelmente a igreja. Quando Paulo escreveu esta carta, a importância
comercial e social de Colossos já estava em declínio. Atualmente o local onde
ficava a cidade de Colossos não é habitado.[18]
A população da cidade
de Colossos era composta de vários povos, entre estes se destacam os nativos da
Frígia, colonizadores gregos e judeus.[19] É
digno de nota, que a região vale do rio Lico foi densamente povoada pelos
judeus. Cerca de duas mil famílias judias haviam sido deportadas da Babilônia e
Mesopotâmia para essa região, por decreto de Antíoco, o Grande, no século quarto
a.C. Esses judeus floresceram financeiramente nessa região e cresceram em
número.[20]
William Barclay diz que nesse tempo deviam existir cerca de cinquenta mil
judeus nessa região.[21]
Por
outro lado, Keathley observa que embora houvesse uma grande população judaica
no vale do Lico, elementos internos da epístola de Colossos sugerem que os
membros da igreja foram principalmente gentílicos. Segundo ele, as seguintes
evidências apontam para isso: (1) As passagens 1:12, 21, 24, 27. (2)
Existe uma escassez de alusões Antigo Testamento. (3) Vícios que eram
distintamente gentios são mencionados em 3:5-7. (4) Não há quase nenhuma
referência para a reconciliação de judeus e gentios, que é encontrada em
Efésios (cartas “gêmeas”), embora se possa comparar 3:11 e 04:11.[22]
O fato é que a cidade de Colossos, devido a
grande mistura étnica, era uma cidade cosmopolita,
na qual diversos elementos culturais e religiosos se encontravam e se
misturavam. Esse é um ponto importante, tanto para o entendimento daquilo que
no meio acadêmico é conhecida como “heresia
de colossos”, como para compreensão da carta como um todo.
1.4. A IGREJA DE
COLOSSOS
Para o melhor entendimento do texto aqui
analisado se faz necessário conhecer, também, a igreja de Colossos, bem como a
heresia que a ameaçava. O Evangelho foi introduzido em Colossos, provavelmente,
durante o ministério de Paulo em Éfeso (At. 19. 10). A igreja foi possivelmente
fundada por um dos colossenses, chamado Epafras (1.7, 4.12). É provável também, que Paulo não conheceu
pessoalmente os colossenses (1.4; 2.1). Ele obteve as informações sobre a
Igreja através de uma visita que Epafras lhe fez na prisão (Fm. 23), a fim de
relatar o estado da igreja, sua firmeza na fé e especialmente o
desenvolvimento da heresia dentro dela (1.8).
A epístola aos colossenses foi enviada por “Tíquico, irmão amado, fiel ministro
e conservo no Senhor” (4.7).
No
que se refere aos ensinos falsos, uma das dificuldades na tentativa de
conhecê-los a fundo, reside no fato que só temos a resposta de Paulo a eles. Ou
seja, não temos um registro do relatório de Epafras sobre o que ensinavam os
falsos mestres. Por isso, o que era e o que ensinava a “heresia dos Colossos” é ainda fruto de
grande debate na academia. Entretanto uma análise, com um pouco mais de atenção
do capítulo dois, lança luz sobre este assunto.
Neste capítulo Paulo
fala pelo menos quatro manifestações desta heresia: A filosofia (2: 8-10), a qual falaremos mais a baixo; o legalismo (2: 11-17), que tentava
adicionar ou aperfeiçoar o evangelho através do incentivo à igreja para aderir
a um sistema jurídico e ensinava que “somente um relacionamento pessoal, vital
e pessoal com Cristo não era suficiente para satisfazer a vontade de Deus”;[23] O
misticismo (2:18-19), o qual apregoava que Deus estava muito longe e que só
através de vários níveis de anjos era possível chegar à Deus. Por isso,
ensinavam que o povo tinha que adorar aos anjos progressivamente até alcançar a
Deus.[24] E
por fim, o asceticismo (2:20-23), o
qual ensinavam que o caminho para superar o corpo (que é o mal), era a
auto-humilhação e flagelação do mesmo.
À luz do capítulo
segundo é possível perceber que a heresia de Colossos era altamente sincrética.
Nas palavras categóricas de Daniel Wallace, a
“heresia dos Colossos” era uma
eclética mistura de legalismo judaico, especulação filosófica grega e
misticismo oriental combinados com um sabor cristão.[25] Usava
a máscara do cristianismo, mas não tinha nada de Cristo. Usou palavras e
frases cristãs, mas com significados diferentes. Em outras palavras, esta
heresia era em sua essência uma combinação do judaísmo e do paganismo
filosófico, com o rótulo do cristianismo. Esta heresia negava a
suficiência de Cristo na redenção da alam e plenitude da vida, por isso
resistiam em oferece a Jesus o lugar supremo na igreja.
Diante
disso, grande parte dos comentaristas[26]
tem dito que um dos propósitos de Paulo ao escrever esta carta foi o de
combater esta heresia presente na
igreja, mostrando a supremacia e suficiência de Cristo. Ao que parece, Paulo escreveu
Colossenses 1: 15 – 20 a fim de combater a parte filosófica desta heresia, isto
é, o pré-gnosticismo (já que
Gnosticismo propriamente dito só ocorrerá no II ou III século).[27]
Segundo Bruce, as ideias erradas que estavam sendo ensinadas pelos falsos
mestres pré-gnósticos, as quais foram refutadas por Paulo, são:
“1. Acreditavam que a matéria é má, portanto diziam que Deus não
pôde ter vindo a terra como um ser humano verdadeiro. Paulo manifesta que
Cristo é a imagem exata de Deus, é Deus mesmo, e mesmo assim morreu na cruz
como um ser humano. 2. Acreditavam
que Deus não tinha criado o mundo, porque O não pôde ter criado o mau. Paulo
responde que Jesus cristo, que também era Deus na carne, é o Criador tanto do
céu como da tenra. 3. Diziam que Cristo não foi o único Filho de Deus, a não ser um
dos muitos intermediários entre Deus e o povo. Paulo explica que Cristo existiu
antes de algo e é o primogênito dos que ressuscitaram. 4. Rechaçavam ver em Cristo a fonte de salvação, insistindo em que
a gente podia achar a Deus por meio do conhecimento secreto e especial. Em contraste,
Paulo afirma com sinceridade que uma pessoa pode ser salva só por meio de
Cristo”.[28]
1.5. GÊNERO LITERÁRIO
Outra pergunta que precisa ser respondida é: Colossenses 1. 15 – 20 é
um hino? Esta pergunta não é simples de se responder. Com base em Mateus 26. 30
sabe-se que certas porções de hinos do Antigo Testamento eram usadas como hinos
cristãos. Além disso, deve-se observar também, que no próprio Novo Testamento
há algumas menções de hinos, como por exemplo, os cânticos de Maria e Zacarias.
Pode-se encontrar também, vestígios de prováveis hinos (Ef. 4. 5; 1 Tm. 3. 16;
2 Tm. 2. 11-13; Ap. 5. 13, 14).[29]
Segundo F. F. Bruce, apesar de não reconhecermos aqui as formas estabelecidas
da poesia hebraica ou grega, percebe-se que o texto possui uma prosa ritmada
com um arranjo estrófico, como é encontrado em hinos no período apostólico.
Outros autores, considerando elementos literários, a estrutura do texto e o
vocabulário, de igual modo, consideram esta perícope como um provável “hino
cristão”.[30]
Outro debate no meio
acadêmico é sobre a autoria deste hino. As discussões oferecem uma
impressionante variedade de teorias. Tem sido frequentemente afirmado este hino
seria pré-paulino, o qual fora incorporado pelo Apóstolo, a fim de ser usado como base da teologia que seria
desenvolvida nos capítulos seguintes.[31] Para outros, Paulo compôs o hino que enuncia a teologia que ele vai usar para combater
os falsos mestres.
Decidir
entre estas opções, é difícil. Ambas
as posições têm fortes argumentos ao seu favor. Favorecendo a autoria paulina estar a
improbabilidade de que ele iria encontrar um hino pronto que se encaixou tão
bem com a base teológica que ele precisava usar para combater um ensino falso
tão particular da igreja de Colossos. Por outro lado, alguns dos conceitos do “hino”,
tais como, “imagem de Deus”, “primogênito de criação”, “o princípio e o
primogênito dentre os mortos”, não são claramente retomados no resto da carta.
Este tem sido um argumento forte para os defensores da teoria pré-paulina.
Uma
terceira possibilidade (intermediaria entre ambas supracitadas), defendida por muitos comentaristas (tais como D. A. Carson,[32] Douglas Moo,[33]
O’Brien,[34] F.F. Bruce,[35] Keathley[36] dentre outros), é a que considera uma autoria anterior com adições paulinas de
elementos particularmente relevantes que combatesse o ensino falso presente na
igreja.[37] D. A. Carson, sobre isso afirma: “grande
número de estudiosos considera um hino, adaptado pelo autor para expor
ensinamentos importantes sobre Cristo e suas funções”.[38] Essa posição tomada por muitos exegetas é a
que, particularmente, eu tenho sido ligeiramente motivado a acreditar. Mas, como
muitos outros aspectos deste texto não há consenso entre os comentaristas. Como
certifica Carson, “há margem para mais debate sobre o assunto”.[39]
O que é
claro, e não resta dúvida, é que Paulo usa a linguagem e os conceitos do
provável “hino cristológico” como sua “munição” na luta contra os falsos
mestres, a fim de defender a divindade, supremacia e senhorio de Jesus sobre
todas as coisas. Richard T.
France observa que, só o fato de Paulo usar o hino em si já aponta para a
divindade de Cristo, pois hinos são
usados para “deuses” e não para mortais.[40]
2.
CONTEXTO LITERÁRIO DA PASSAGEM
Para
o melhor entendimento deste texto considerar-se-á como ele se relaciona com o
seu contexto remoto e próximo.
2.1. CONTEXTO REMOTO
Daniel Wallace propõe uma excelente e atual divisão
para a carta aos Colossenses, composta por cinco partes. Tendo como base, sua estrutura, pode-se
dividir a carta da seguinte maneira:[41] 1. Introdução: Saudações (1. 1-3) e
Ações de Graças (1. 3-8). 2. Ortodoxia: a suficiência de Cristo
afirmada (1.9 – 2:07). 3.
Heterodoxia: a suficiência de Cristo negada (2.08 – 3.04); 4. Ortopraxia: a suficiência de Cristo
vivenciada (3.05-4.06); 5. Saudações finais (4.7-18).
O
apóstolo Paulo começa a carta com uma saudação aos santos de Colossos (1.1-2),
acompanhada de uma oração de ações de graças (1: 3-8). Paulo começa o corpo da
carta com uma nota positiva, na qual ele descreve a suficiência de Cristo (1.9–
2.07). Em seguida, apresenta uma declaração negativa, na qual ele
argumenta contra a opinião dos hereges de Colossos (2.08-3.04). Por fim,
ele traz uma convocação para viver a vida cristã à luz da suficiência de Cristo
(3.05-4.06) e termina com saudações finais (4:7-18).
A
primeira parte da seção apresenta de maneira positiva a suficiência de
Cristo. Após orar para que os colossenses crescessem no conhecimento e na
produtividade (1.9-14),[42]
sem um “amém” para a oração, Paulo continua com um provável hino cristão
primitivo, o qual ressalta a supremacia de Cristo (1. 15-20). Segundo D. A.
Carson, Paulo enfatiza nesta poesia, a supremacia de Cristo,
que é “a imagem do
Deus invisível”, aquele que trouxe a criação à
existência, bem como a mantém unida. E junto com tudo
isso, ele é “o cabeça do
corpo, a igreja”, aquele que fez a paz pelo sangue
derramado na cruz.[43]
Em
seguida há uma aplicação das verdades supracitadas a vida da igreja.
(1.21-23). Finalmente, Paulo fala do seu ministério e seus sofrimentos e de
sua luta em favor dos crentes, como os de Colossos e Laodicéia, com os quais
ele não teve contato pessoal. Paulo ainda revela uma preocupação com os fiéis
no Vale de Lico, e os exorta para que eles não sejam enganados (2.4), pelos que
negam a suficiência de Cristo (2.1-7).
2.2.
CONTEXTO PRÓXIMO
A
perícope, aqui estudada, faz parte da primeira seção da carta: Ortodoxia: a suficiência de Cristo
afirmada (1.9 – 2.07).[44]
Segundo Hendriksen, os versos nove a catorze do capítulo um, apesar da aparente
divagação, são um bloco de pensamentos. Para ele, o que temos aqui é uma “descrição comovente da oração de Paulo e
seus assistentes em favor dos colossenses”.[45]
Nela Paulo ora para que os Colossenses cresçam no pleno conhecimento de Deus e
na produtividade (1:9-14). Essa
oração é muito importante para o entendimento da carta. Os temas nela contidos
ecoam por toda a carta. Paulo apresenta aqui a base para o contraste entre o
verdadeiro conhecimento, o qual desemboca na práxis cristã e o falso que nada
produz, isto é, não frutifica. Nesse sentido, Wallace observa que, “os hereges
afirmavam ter um conhecimento superior, mas a sua filosofia muito sufocava
qualquer produtividade para Deus (cf. 2.20-23)”.[46]
Em
seguida, a supremacia de Cristo é exaltada, por meio do provável “hino”
(1.15-20), no qual se encontra a base teológica que será desenvolvida ao longo
da carta. A última estrofe do hino termina com uma nota sobre Cristo como
reconciliador de “todas as coisas”, a qual serve como uma ponte para o próximo
tema de Paulo: Cristo reconciliou os Colossenses a Deus, um ministério de
reconciliação que Paulo proclamou (1:21 -23).[47]
2.3. ESTRUTURA DO CONTEXTO
A Carta de Paulo aos Colossenses tem sido
dividida em cinco partes, como tido a cima: 1. Introdução: Saudações e
Ações de Graças (1: 1-8). 2. Ortodoxia: a suficiência de Cristo
afirmada (1:9 – 2:7). 3.
Heterodoxia: a suficiência de Cristo negada (2:8 – 3:4); 4. Ortopraxia: a suficiência de Cristo
vivenciada (3:5-4:6); 5. Saudações finais (4:7-18).[48]
Tomando
o corpo
da carta (1:9 - 4:6), podemos estruturar o contexto da perícope, aqui estudada,
da seguinte maneira:
2.4. CONTEXTO CANÔNICO
Cristo é sem dúvida o centro de toda Escritura. O
Antigo Testamento anuncia sua vinda, os Evangelhos o mostra entre nós e as cartas,
juntamente com Atos e Apocalipse, apresentam a esperança de seu retorno. Por
isso, qualquer contexto canônico que apresente a Cristo é amplo. Por questão de
espaço, será apresentado apenas às correlações principais dos aspectos
cristológicos presentes na perícope aqui analisada.
A ideia de Cristo como sendo o Deus eterno que se
fez um de nós, se encontra, também, no prólogo do quarto Evangelho (Jo.
1. – 14). No que se refere a Cristo como “à imagem de Deus” essa verdade já
fora afirmada pelo Apóstolo em 2 Cor. 4.4. Em ambos os lugares, Cristo
como “à imagem de Deus” aponta para a revelação da essência do Pai na Pessoa do
Filho. Ainda, com o uso da palavra “imagem”, Paulo
está enfatizando que Jesus é a manifestação perfeita de Deus. Como assevera o autor
de Hebreus ele é “a expressão exata do
seu Ser” (Hb. 1. 3).
O
título “Primogênito” talvez seja um eco da linguagem cristocêntrica do Salmo
89.27, onde Deus diz ao rei Davi: “Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais
elevado entre os reis da terra”. Todavia, deve-se notar que este título
pertence a Cristo não somente como o Filho de Davi, mas também como a Sabedoria
de Deus. Nesse sentido, como será visto, Paulo em comum
com outros escritores do NT (Jo. 1:4; Hb 1:3), identifica Cristo com a
Sabedoria de Deus e atribuindo-lhe certas atividades que são atribuídas à
personificação da Sabedoria na literatura Antiga Testamento, [49]
como se observa em Provérbios 8:
22, 23, onde o sábio diz: “O Senhor me criou [referindo-se a sabedoria] como o princípio (רֵאשִׁית WLC e ἀρχὴν na LXX)
de seu caminho, antes das suas obras mais antigas; fui formada desde a
eternidade [divindade da sabedoria], desde o princípio, (רֵאשִׁית WLC e ἀρχῇ na LXX ) antes de existir a terra”.
No
que se refere a sua supremacia apresentada no verso dezesseis, (o qual Paulo
afirma que Cristo é superior a todos os seres angélicos, inclusive dos mais
sublimes) vemos o autor de Hebreus dá a mesma ênfase. (cf. Hb. 1:1-14).
Finalmente,
em relação à restauração cósmica: “reconciliasse consigo mesmo todas as coisas,
quer sobre a terra, quer nos céus”, é possível perceber a mesma ideia em
Romanos quando Paulo diz que “a ardente expectativa da criação aguarda a
revelação dos filhos de Deus... na esperança de que a própria criação será
redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de
Deus” (Romanos 8. 19 – 22). Este texto, por sua vez, não é apenas uma
correlação de ideias, mas acima de tudo lança luz, e até mesmo serve de base
explicativa, para o texto de Colossenses.
3. ESTUDO TEXTUAL
3.1. APARATO CRÍTICO
A
presença ou ausência da segunda ocorrência dos termos δι αὐτοῦ (“através dele”)
no verso 20 é um problema de variante textual difícil de resolver. As
evidências externas são bastante divididas. Muitas testemunhas antigas não
contemplam estes termos (B D* F G I 0278 81 1175 1739 1881 2464 ). Por outro lado, testemunhas
igualmente importantes os consideram (Ì46 א A C D1 Ψ 048vid 33 Ï). Sendo assim, ambas as leituras
são possíveis. Todavia, preferiu-se aqui manter tais termos e colocá-los em
colchetes.[50]
3.2.
ANÁLISE
LEXICOGRÁFICA.
VERSO 15
|
||
Grego
|
Análise
|
Tradução
|
ὅς
|
Pronome relativo nominativo masc.
Singular.
|
O qual
|
ἐστιν
|
Verbo
indicativo presente ativo 3ª pes. Singular
|
É
|
εἰκὼν
|
Substantivo
nominativo feminino singular
|
Imagem
|
τοῦ
|
Artigo definido genitivo masc.
Singular
|
Do
|
θεοῦ
|
Substantivo
genitivo masc. Singular
|
Deus
|
τοῦ
|
Artigo
definido genitivo masc. Singular
|
Do
|
ἀοράτου
|
Adjetivo pronominal genitivo masc.
Singular
|
Invisível
|
πρωτότοκος
|
Adjetivo
pronominal nominativo masc. Singular
|
Primogênito
|
Πάσης
|
Adjetivo genitivo feminino singular
|
Toda
|
Κτίσεως
|
Substantivo
genitivo feminino singular
|
Criação
|
15 ὅς
ἐστιν εἰκὼν τοῦ θεοῦ τοῦ ἀοράτου πρωτότοκος πάσης κτίσεως
O qual é imagem de Deus o invisível, primogênito sobre toda a criação,
VERSO 16
|
||
Grego
|
Análise
|
Tradução
|
ὅτι
|
Conjunção
subordinativa
|
Porque
|
ἐν
|
Preposição locativo
|
Em
|
αὐτῷ
|
Pronome dativo
masc. 3ª pes. Singular
|
Ele
|
ἐκτίσθη
|
Verbo
indicativo aoristo passiva 3ª pes. Singular
|
Foi
criado
|
τὰ
|
Artigo
definido nominativo neutro plural
|
As
coisas
|
πάντα
|
Adjetivo
pronominal nominativo atributivo neutro plural
|
Todas
|
τὰ
|
Artigo
definido nominativo neutro plural
|
As
|
ἐν
|
Preposição
dativo
|
Em
|
τοῖς
|
Artigo
definido masc. Plural
|
Os
|
οὐρανοῖς
|
Substantivo
dativo masc. Plural
|
Céus
|
καὶ
|
Conjunção
coordenativa
|
E
|
τὰ
|
Artigo
definido nominativo neutro plural
|
As
|
ἐπὶ
|
Preposição
genitiva
|
Sobre
|
τῆς
|
Artigo
definido feminino singular
|
A
|
γῆς
|
Substantivo
genitivo feminino singular
|
Terra
|
τὰ
|
Artigo
definido nominativo neutro plural
|
As
|
ὁρατὰ
|
Adjetivo
pronominal nominativo neutro plural
|
Visíveis
|
καὶ
|
Conjunção coordenativa
|
E
|
τὰ
|
Artigo
definido nominativo neutro plural
|
As
|
ἀόρατα
|
Adjetivo
pronominal nominativo neutro plural
|
Invisíveis
|
εἴτε
|
Conjunção
coordenativa alternativa
|
Quer
|
θρόνοι
|
Substantivo
nominativo masculino singular
|
Tronos
|
εἴτε
|
Conjunção coordenativa
|
Quer
|
κυριότητες
|
Substantivo
nominativo feminino plural
|
Domínios
|
εἴτε
|
Conjunção
coordenativa alternativa
|
Quer
|
ἀρχαὶ
|
Substantivo
nominativo feminino plural
|
Governos
|
εἴτε
|
Conjunção
coordenativa
|
Quer
|
ἐξουσίαι·
|
Substantivo
nominativo feminino plural
|
Autoridades
|
τὰ
|
Artigo
definido nominativo neutro plural
|
As
coisas
|
πάντα
|
Adjetivo
pronominal nominativo neutro plural
|
Todas
|
δι'
|
Preposição
genitivo
|
Através
|
αὐτοῦ
|
Pronome
genitivo masc. 3ª pes. Singular
|
Dele
|
καὶ
|
Conjunção coordenativa
|
E
|
εἰς
|
Preposição
acusativa
|
Para
|
αὐτὸν
|
Pronome acusativo masc. 3ª pes.
Singular
|
Ele
|
ἔκτισται·
|
Verbo
indicativo perfeito passivo 3ª pes. Singular
|
Foi criada
|
16 ὅτι
ἐν αὐτῷ ἐκτίσθη τὰ πάντα τὰ ἐν τοῖς οὐρανοῖς καὶ τὰ ἐπὶ τῆς γῆς τὰ ὁρατὰ καὶ τὰ
ἀόρατα εἴτε θρόνοι εἴτε κυριότητες εἴτε ἀρχαὶ εἴτε ἐξουσίαι· τὰ πάντα δι' αὐτοῦ
καὶ εἰς αὐτὸν ἔκτισται·
Porque nele foi criada as coisas todas em os céus e as coisas sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, quer tronos, quer domínios, quer governos, quer autoridades. As coisas todas através dele e para ele foram criadas e permanecem criadas.
VERSO 17
|
||
Grego
|
Análise
|
Tradução
|
καὶ
|
Conjunção coordenativa
|
E
|
αὐτός
|
Pronome nominativo masc. 3ª pes.
Singular
|
Ele
|
ἐστιν
|
Verbo indicativo presente ativo 3ª
pes. Singular
|
É
|
πρὸ
|
Preposição genitiva
|
Antes
|
πάντων
|
Adjetivo pronominal genitivo
neutro plural
|
Tudo
|
καὶ
|
Conjunção
coordenativa
|
E
|
τὰ
|
Artigo definido nominativo neutro
plural
|
As
coisas
|
πάντα
|
Adjetivo pronominal nominativo
neutro plural
|
Todas
|
ἐν
|
Preposição locativo
|
Em
|
αὐτῷ
|
Substantivo pronome dativo masc.
3ª pes. Singular
|
Ele
|
συνέστηκεν
|
Verbo indicativo perfeito ativo 3ª
pes. Singular
|
Subsiste
|
17 καὶ
αὐτός ἐστιν πρὸ πάντων καὶ τὰ πάντα ἐν αὐτῷ συνέστηκεν
E ele é antes de tudo e as coisas todas nele foram postas juntas e permanecem juntas.
VERSO 18
|
||
Grego
|
Análise
|
Tradução
|
καὶ
|
Conjunção coordenativa
|
E
|
αὐτός
|
Pronome nominativo masc. 3a pés.
Singular
|
Ele
|
ἐστιν
|
Verbo indicativo presente ativo 3ª pes.
Singular
|
É
|
ἡ
|
Artigo definido nominativo feminino
singular
|
A
|
κεφαλὴ
|
Substantivo nominativo feminino
singular
|
Cabeça
|
τοῦ
|
Artigo definido genitivo neutro
singular
|
Do
|
σώματος
|
Substantivo genitivo neutro singular
|
Corpo
|
τῆς
|
Artigo definido genitivo feminino
singular
|
A
|
ἐκκλησίας·
|
Substantivo genitivo feminino singular
|
Igreja
|
ὅς
|
Adjetivo pronominal relativo
nominativo masc. Singular
|
O
qual
|
ἐστιν
|
Verbo indicativo presente ativo 3ª
singular
|
É
|
ἀρχή
|
Substantivo nominativo feminino
singular
|
Princípio
|
πρωτότοκος
|
Adjetivo nominativo masc. Singular
|
Primogênito
|
ἐκ
|
Preposição genitivo
|
Dentre
|
τῶν
|
Artigo definido genitivo masc. Plural
|
Os
|
νεκρῶν
|
Adjetivo pronominal genitivo masc.
Plural
|
Mortos
|
ἵνα
|
Conjunção subordinada
|
Para
que
|
γένηται
|
Verbo Subjuntivo aoristo dativo 3a
pes. Singular
|
Venha
|
ἐν
|
Preposição dativo
|
Em
|
πᾶσιν
|
Adjetivo pronominal demonstrativo
neutro plural
|
Todas
|
αὐτὸς
|
Substantivo pronome nominativo masc. 3ª
pes. Singular
|
Ele
|
πρωτεύων
|
Verbo particípio presente ativo
nominativo masc. Singular
|
O
que tem a primazia
|
18 καὶ
αὐτός ἐστιν ἡ κεφαλὴ τοῦ σώματος τῆς ἐκκλησίας· ὅς ἐστιν ἀρχή πρωτότοκος ἐκ τῶν
νεκρῶν ἵνα γένηται ἐν πᾶσιν αὐτὸς πρωτεύων
E ele é a cabeça do corpo, da igreja. O qual é princípio, primogênito dos mortos, para que venha a ser em todas as coisas ele mesmo o que tem a primazia.
VERSO 19
|
||
Grego
|
Análise
|
Tradução
|
ὅτι
|
Conjunção subordinativa
|
Porque
|
ἐν
|
Preposição – locativo
|
Em
|
αὐτῷ
|
Substantivo pronominal dativo masc. 3a
pés. Singular
|
Ele
|
εὐδόκησεν
|
Verbo indicativo aoristo ativo 3ª pes.
Singular
|
Pareceu
|
πᾶν
|
Adjetivo acusativo nominativo singular
|
Toda
|
τὸ
|
Artigo definido neutro singular
|
A
|
Πλήρωμα
|
Substantivo acusativo neutro singular
|
Plenitude
|
κατοικῆσαι
|
Verbo infinitivo aoristo acusativo
|
Habitar
|
19 ὅτι
ἐν αὐτῷ εὐδόκησεν πᾶν τὸ πλήρωμα κατοικῆσαι
Porque nele pareceu bem toda a plenitude habitar.
VERSO 20
|
||
Grego
|
Análise
|
Tradução
|
καὶ
|
Conjunção coordenativa
|
E
|
δι'
|
Preposição genitiva
|
Através
|
αὐτοῦ
|
Substantivo pronominal genitivo masc.
3a pés. Singular
|
Dele
|
ἀποκαταλλάξαι
|
Verbo infinitivo aoristo acusativo
|
Reconciliar
|
τὰ
|
Artigo definido nominativo plural
|
As
coisas
|
Πάντα
|
Adjetivo acusativo nominativo plural
|
Todas
|
εἰς
|
Preposição acusativo
|
Para
|
αὐτόν
|
Pronome acusativo masc. 3ª pes.
Singular
|
Ele
|
εἰρηνοποιήσας
|
Verbo particípio aoristo ativo
nominativo masc. Singular
|
tendo
feito paz
|
διὰ
|
Preposição genitivo
|
Através
|
τοῦ
|
Artigo definido nominativo singular
|
Do
|
αἵματος
|
Substantivo genitivo neutro singular
|
Sangue
|
τοῦ
|
Artigo definido nominativo singular
|
Da
|
σταυροῦ
|
Substantivo genitivo masc. singular
|
Cruz
|
αὐτοῦ
|
Substantivo pronominal genitivo masc.
3ª pres. Singular
|
Dele
|
δι'
|
Preposição genitivo
|
[através]
|
αὐτοῦ
|
Pronome genitivo masc. 3ª pes.
Singular
|
Dele
|
εἴτε
|
Conjunção coordenada
|
Quer
|
τὰ
|
Artigo definido nominativo plural
|
As
coisas
|
ἐπὶ
|
Preposição genitivo
|
Sobre
|
τῆς
|
Artigo definido genitivo fem. Singular
|
A
|
γῆς
|
Substantivo genitivo feminino singular
|
Terra
|
εἴτε
|
Conjunção coordenativa
|
Quer
|
τὰ
|
Artigo definido nominativo plural
|
As
coisas
|
ἐν
|
Preposição dativo
|
Em
|
τοῖς
|
Artigo definido dativo masc. Plural
|
Os
|
οὐρανοῖς
|
Substantivo dativo masc. Plural
|
Céus
|
20 καὶ
δι' αὐτοῦ ἀποκαταλλάξαι τὰ πάντα εἰς αὐτόν εἰρηνοποιήσας διὰ τοῦ αἵματος τοῦ
σταυροῦ αὐτοῦ δι' αὐτοῦ εἴτε τὰ ἐπὶ τῆς γῆς εἴτε τὰ ἐν τοῖς οὐρανοῖς
E através dele reconciliar todas as coisas para ele, tendo feito paz através do sangue da cruz dele, [através dele], quer as coisas sobre a terra, quer as coisas sobre os céus.
3.3.
TRADUÇÃO DO TEXTO
15 O qual é imagem de Deus o invisível, primogênito
sobre toda a criação,
16 Porque nele foram criadas as
coisas [51] todas em os céus e as
coisas sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, quer tronos, quer domínios, quer
governos, quer autoridades. As coisas
todas através dele e para ele foram criadas e permanecem criadas.
17 E ele é antes de tudo e as
coisas todas nele foram postas juntas e permanecem juntas.
18 E ele é a cabeça do corpo,
da igreja. O qual é princípio, [52] primogênito dentre mortos,
para que venha a ser em todas as coisas
ele mesmo o que tem a primazia.
19 Porque nele pareceu bem toda
a plenitude habitar.
20 E através dele reconciliar todas as
coisas para ele, tendo feito paz através do sangue da cruz dele, [através dele][53],
quer as coisas sobre a terra, quer as coisas sobre os céus.
3.4. OUTRAS VERSÕES
Para
compreendermos melhor cada parte do texto, compararemos as versões mais
tradicionais usadas pela igreja de modo geral, e em seguida veremos as
principais convergências e divergências entre as traduções e a feita neste
presente trabalho.
ARA
|
NVI
|
ARC
|
NOSSA TRADUÇÃO
|
Este
é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
|
Ele
é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação,
|
o
qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
|
O qual é imagem de Deus o
invisível, primogênito sobre toda a criação,
|
pois,
nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e
as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer
potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
|
pois
nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as
coisas foram criadas por ele e para ele.
|
porque
nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam
potestades; tudo foi criado por ele e para ele.
|
Porque nele foi criada as coisas todas em os céus e as
coisas sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, quer tronos, quer domínios,
quer governos, quer autoridades. As coisas
todas através dele e para ele foram criadas e permanecem criadas.
|
Ele
é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.
|
Ele
é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.
|
E
ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.
|
E ele é antes de tudo e as coisas todas nele foram
postas juntas e permanecem juntas.
|
Ele
é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os
mortos, para em todas as coisas ter a primazia,
|
Ele
é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os
mortos, para que em tudo tenha a supremacia.
|
E
ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os
mortos, para que em tudo tenha a preeminência,
|
E ele é a cabeça do corpo, da igreja. O qual é
princípio, primogênito dos mortos, para que venha a ser em todas as coisas ele mesmo o que tem a
primazia.
|
porque
aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude
|
Pois
foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude,
|
porque
foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse
|
Porque nele pareceu bem
toda a plenitude habitar
|
e
que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse
consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.
|
e
por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na
terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue
derramado na cruz.
|
e
que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como
as que estão nos céus.
|
E
através dele reconciliar todas as coisas para ele, tendo feito paz através do
sangue da cruz dele, [através dele], quer as coisas sobre a terra, quer as
coisas sobre os céus.
|
3.5.
CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE AS TRADUÇÕES E ANÁLISE DAS
PRINCIPAIS PALAVRAS CHAVES
A
comparação entre as versões e a nossa própria tradução revela que há poucas
diferenças entre elas. Aqui citaremos as mais importantes que convergem ou
divergem das versões mais tradicionais.
No verso 15 embora
o genitivo τοῦ θεοῦ τοῦ ἀοράτου poderia expressar posse sobre
o εἰκὼν, é mais provável que τοῦ θεοῦ é um genitivo
objetivo. É o Deus invisível que está a ser “revelado” por Jesus.[54]
O termo grego πρωτότοκος pode se referir
tanto a primeira na ordem do tempo, como um primeiro filho, ou poderia se
referir a alguém que é destaque na classificação. O “primogênito” (Como
traz a ARA, NVI e ACF) era filho mais velho de uma família ou uma pessoa de
posição preeminente. A LXX usa este termo para descrever o rei Davi no
Salmo 88. 28. Aqui a ênfase parece esta sobre a prioridade de classificação de
Jesus como acima e além da criação.
Uma leitura superficial das palavras “de
toda a criação” (como traduzem as versões ARA, NVI e ACF) pode levar à
conclusão de que Cristo é uma parte da criação, ou seja, o primeiro dos seres
criados por Deus. Tal leitura da frase, no entanto, não está em consonância com
o contexto, que distingue a maior forma de Cristo, desde a criação. Também não
é esse o entendimento da frase exigida pela gramática. κτίσεως (“criação”)
poderia ser entendida tanto como um ablativo de comparação (“antes da criação”)
ou como um genitivo. Neste último caso, pode ser um genitivo partitivo (Cristo
como parte da criação), de referência (“com referência à criação”) ou o que é
mais provável genitivo de subordinação (“sobre a criação”), como traduz o Rev.
Paulo Sérgio. Nesse sentido, como obseva Wallace, “a criação esta subordinada a
Cristo”. “Primogênito”, neste texto, significa duas coisas: Ele precedeu toda a
Criação, e Ele é soberano sobre toda a criação.[55]
No verso 16, a interpretação da frase ὅτι
ἐν αὐτῷ (literalmente, “porque em ele”) tem sido a razão de grande discussão no
meio acadêmico. A tradução desta cláusula é incerta e a ambiguidade da
preposição grega ἐν (“em”) é a questão. Alguns veem a ἐν (“em”) no sentido instrumental (“por meio de” como, por
exemplo, as versões NIV, NET). Outros interpretam esta preposição como um locativo (“nele”), desse modo Cristo é a
esfera da criação, (como em Ef 1:4). Finalmente, há aqueles que argumentam que
ambos os sentidos pode ter sido intencional. Manteremos a tradução “nele”
(como traduz ARA, Século 21, ACF), pois a luz do verso 17 parece ser a ideia
mais correta. [56]
O verbo ἔκτισται está no perfeito,
em contraste com a ἐκτίσθη aoristo na linha de abertura. A mudança no
tempo podia ser meramente estilístico como entendem alguns intérpretes. Mas
talvez seja mais provável que ele sinaliza uma maior ênfase na última parte do
versículo sobre o estado permanente da criação. Ou seja, o que foi criado
permanece criado, pois, o próprio Deus em Cristo sustenta a criação. [57]
Tanto no verso 17 como no verso 18 αὐτός
ἐστιν (“Ele é”) é enfático. Possivelmente envolvendo uma antítese com alguns erros
da Igreja de Colossos. Paulo começa dizendo novamente que ele (Jesus) e nenhum
outro, ou mais ninguém é.
Ainda no verso 17 apesar de BDAG 973
s.v. συνίστημι B.3 sugeri: “continuar”, “resistir”, “existir”, “realizar em conjunto”. Entendemos que o verbo συνέστηκεν
(perfeito ativo indicativo), a luz de 2 Pe. 3:5, significa, neste contexto, “manter juntos”, “coerentes”,
como traduz o Rev. Waldyr Carvalho Luz.[58]
No verso 18 deve-se entender que a
referência a Jesus como o “primogênito dentre os mortos” parece estar
defendendo uma prioridade cronológica, ou seja, Jesus foi o primeiro a
ressuscitar dentre os mortos.[59]
Ainda no verso 18 percebe-se que A
NIV traduz incorretamente a este ponto. Para enfatizar a clareza de pensamento, afirma: “he is the beginning and the firstborn from
among the dead” (destaques meus). Os tradutores inseriram
a palavra “e” para “amarrar” essas duas descrições juntas, como se fossem dois
itens separados. O texto grego simplesmente coloca lado a lado duas descrições.[60]
No
verso 19 o substantivo “Deus” (ARA, VIVA e NVI) não aparece no texto grego, mas
uma vez que Deus é aquele que reconcilia o mundo a si mesmo (cf. 2 Cor 5,19),
ele é claramente o objeto de εὐδόκησεν. Todavia preferimos omite o substantivo
para manter a tradução mais literal possível.
Ainda no verso 19, observa-se que o
verbo aoristo κατοικῆσαι poderia ser tomado como um ingressivo, caso em que se
refere à encarnação e pode ser traduzido como “começar a viver, para ter a sua
residência”. Todavia, talvez seja melhor entendê-lo como um aoristo constativo
e simplesmente uma referência ao fato de que a plenitude de Deus habita em
Jesus Cristo. Além disso, deve-se atentar para o fato que esta é uma casa
de habitação permanente, e não temporária, como o tempo presente em 2.9 deixa
claro.
No verso 20 o δι' αὐτοῦ (“através dele”) é enfático e aponta para
Cristo como o único agente de reconciliação. Além disso, nota-se que o
verbo aqui utilizado, ἀποκαταλλάξαι (o qual ocorre apenas duas vezes em outras
partes do Novo Testamento - v. 22; Ef 2.16), diferente de outros termos que
possibilita a reconciliação por meio da ação bilateral, ou seja, duas pessoas que trabalham juntas em pro da
reconciliação, o verbo usado por Paulo aponta para uma reconciliação
unilateral.
4. ESTRUTURA DO TEXTO
Os limites e a estrutura interna do texto apresentam algumas
dificuldades, o que nos leva a necessariamente justificá-los. Na delimitação da
perícope, as dificuldades são menores e os elementos literários que apontam
para uma unidade de pensamento nos versos 15 – 20 são evidentes.
4.1. DELIMITAÇÃO DA
PERÍCOPE.
A
delimitação da perícope é clara, e é ponto pacífico entre a maioria dos
exegetas. Os versos anteriores (12-14) falam, em forma de confissão de fé, do
que Deus fez por seus eleitos (subsentidos na primeira pessoa do plural – “ἡμᾶς”
- “nós”), enquanto o hino em si não
faz qualquer referência à comunidade confessando. Têm-se ainda nos textos anteriores e
posteriores pronomes que se referem ao leitor e /ou o escritor (nove pronomes nos
versos 3-8, quatro nos versos 9-14, dois em vv. 21-23) e verbos de primeira ou da segunda
pessoa (seis verbos nos versos v. 3-8; quatro nos versos v. 9-14; três nos
versos 21-23).
Nenhum
destes recursos aparece nos versos 15-20, o que temos é uma série de predicados
relativos à Cristo. Como obseva O’
Brien, “todas as referências pessoais
estão ausentes”.[61]
Melick
lembra ainda, que as características linguísticas, as quais incluem palavras
incomuns e distintas expressões teológicas, causam uma ruptura entre a passagem
e a seu contexto.[62]
Douglas Moo, ressalta por sua vez, que nesses
versículos há também, uma estrutura hinológica que contém afirmações breves
sobre Cristo.[63] De
semelhante modo, o pronome relativo “o qual”, aponta para uma nova ideia. [64]
Sendo assim, ao invés de termos uma
confissão de fé (13-14), temos em linguagem poética e exaltada, uma descrição
da supremacia de Cristo sobre tudo e todos.
Por
fim, as palavras imediatamente a seguir (versos 21-23), utilizam, como dito
acima, a linguagem do discurso direto, para aplicar alguns temas do hino, em
especial o da reconciliação, a comunidade de Colossos. É digno de nota (como já
foi dito acima) que as palavras o final do hino sobre Cristo como reconciliador
de “todas as coisas”, servem como uma ponte para o próximo tema de Paulo:
Cristo reconciliou os Colossenses a Deus. Assim, a grande pericope (verso 13 –
23) está dividida em três pericopes menores que falam sobre: O que Deus fez
pelos eleitos (13,14); a Supremacia Cristo (15 – 20) e a aplicação de ambas as
coisas a vida da Igreja (21 – 23).
4.2. DIVISÕES INTERNAS DO
TEXTO.
A divisão interna do
texto é sem dúvida a maior dificuldade desta passagem. Seu maior problema é
encaixar de forma coerente em uma estrutura literária a expressão: “καὶ
αὐτός ἐστιν ἡ κεφαλὴ τοῦ σώματος τῆς ἐκκλησίας·” (E
ele é a cabeça do corpo, da igreja). Sem está frase teríamos uma clara e
perfeita divisão literária a partir do paralelo que existe entre os pronomes ὅς (“o qual”) que aparecem nos versos 15 e 18. Kasemann acreditava que este
é um hino pré-paulino e chega a postular que Paulo fez adições, tais como “da
igreja” (18a) e “pelo sangue da sua cruz” (20). Segundo ele, se estas são
removidas há uma perfeição na estrutura.[65] Como não podemos fazer como
muitos críticos literários, os quais, a fim de encontrar uma estrutura
literária perfeita “riscam” tais partes da Bíblia, resta-nos buscar uma solução
para tal dificuldade.
De
início devemos considerar que os hinos nos tempos antigos, (assim como os
contemporâneos), normalmente são divididos em estrofes ou versos. Como ao que
parece, Colossenses 1.15-20 é um hino, então, devemos dividi-lo em estrofes. É
neste ponto que encontramos a maior divisão entre exegetas e comentaristas. As
opções são variadas e inúmeras, por essa razão analisaremos apenas as mais
usadas no meio acadêmico.
Pelo
menos quatro propostas merecem destaques. A primeira considera a mudança de foco de
“criação” (15 – 17) para “igreja” (18 – 20).[66] Neste
caso têm-se duas estrofes e dois assuntos principais. O problema desta
estrutura é que ela desconsidera muitos dos elementos literários presente no
texto, elege apenas dois assuntos dentre os muitos importantes e
consequentemente deixa de lado tantos outros de igual importância, tais como,
“a imagem de Deus”; “plenitude divina”, “reconciliador do cosmos”, dentre
outros.
A segunda proposta aprecia os
paralelos que existe nos versos 15 e 18b: “ὅς
ἐστιν” (o qual é) e “πρωτότοκος” (primogênito). Nesta proposta a divisão seria
15-18a e 18b-20. Assim, existem duas ideias principais
marcadas pelos pronomes ὅς (o qual). Essa
divisão, entretanto, tem sido rejeitada atualmente por muitos comentaristas por
não trazer respostas satisfatórias para a ligação existente entre a expressão: “καὶ αὐτός ἐστιν ἡ κεφαλὴ τοῦ σώματος τῆς ἐκκλησίας·” (E ele é a cabeça do corpo, a igreja) e os demais
assuntos da primeira estrofe. Além disso, o interprete que a escolher, para ser
coerente com ela, tem que interpretar a palavra “corpo” (18a) como sendo o
cosmos, o que segundo F. F. Bruce é improvável.[67]
Analisando os escritos paulinos é possível ver que, normalmente, a menção de
Cristo como cabeça do corpo, se refere a Cristo como estando ligado à igreja e
não ao cosmo como afirmava a filosofia pré-gnóstica. Um exemplo disso é a carta
aos Efésios, a qual, diga-se de passagem, é gêmea quase que “siameses”.
Uma terceira alternativa, que
considera o contexto geral da carta e é defendida por alguns comentaristas
(tais Como Carson;[68] Constable;[69] Keathley;[70] Alexander MacLaren;[71] Jamieson-Fausset-Brown[72]), os quais dividem o texto a partir da relação de Jesus com o Pai (15a), com a
Criação (15b – 17) e com a Igreja (18 – 20). A grande vantagem desta estrutura
é que ela analisa o texto a partir de seu contexto maior e de maneira especial
à luz da “heresia de Colossos”. Nesse sentido, ela enfatiza a defesa de Paulo
contra um dos pontos principais da heresia, ou seja, a negação da divindade do
Deus-Homem, Jesus Cristo. Todavia pesar contra esta estrutura a falta de
elementos literários que a justifique.
Uma
quarta alternativa, e uma das mais das recentes, é a disposição feita por
Schweizer, e que é defendida por muitos exegetas e comentaristas. Esta por sua
vez, considera pontos em comum com as duas primeiras sugestões supracitas. Schweizer postula
duas estrofes principais (15-16 e 18b-20), com uma estrofe de transição entre
as duas (17-18a).
[73] Esta sugestão parece oferecer o melhor relato
da passagem, especialmente quando se reconhece os paralelos encontrados no
início dos versos 17 e 18 (καὶ αὐτός ἐστιν “e ele é”... καὶ
αὐτός ἐστιν “e ele é”...).[74]
Schweizer
observa ainda, que a primeira estrofe (15-16) possui três linhas onde o Cristo
cósmico é exaltado como Senhor da criação. Aquele que trouxe o universo à
existência e o dirige. A estrofe intermediária (17-18a) repete o pensamento da
atividade preexistente de Cristo e afirma-o como o princípio unificador que
mantém todas as coisas juntas. A terceira estrofe (18b-20) exalta o Cristo
cósmico, que incorporou a plenitude divina. O qual, também é o Jesus ressurreto
e o agente de Deus para trazer o universo em harmonia através da reconciliação.[75] Essa tem
sido considerada uma boa disposição estrutural. Diante dos elementos exegéticos,
literários e lógicos, esta parece ser a melhor opção estrutural da passagem.
É
possível perceber até aqui, que não tem sido fácil encontrar uma estrutura
perfeita para este texto. Todas elas têm pontos positivos e negativos. Na
presente pesquisa será adotada a estrutura postulada por Schweizer, por parecer
a que oferece maiores respostas aos problemas literários do texto, bem como por
ser seguida e defendida por grandes exegetas e comentaristas, tais como Douglas
Moo; F. F. Bruce; Gabathuler; Schille;
Maurer; Benoit; Otfried Hofius; Luis Carlos Reyes; dentre outros.
5.
COMENTÁRIOS
5.1. 1ª ESTROFE - A
EXALTAÇÃO DO FILHO DE DEUS O CRIADOR, SENHOR E GUIA DO UNIVERSO (V.
15,16).
O FILHO DE DEUS
A
primeira linha, deste provável hino, começa com uma contundente afirmação sobre
a divindade do Filho: ὅς ἐστιν εἰκὼν τοῦ θεοῦ τοῦ ἀοράτου (“O qual é imagem
de Deus o invisível”). Esse sem dúvida é um ponto importante
neste texto, por isso, será dado atenção devida a ele. A
palavra traduzida por “imagem” (εἰκὼν - substantivo
nominativo feminino singular) apesar de normalmente diferir de omoioma (que geralmente se refere a “mera
semelhança”) não traz em si mesma, base para sustentar qualquer doutrina sobre
Cristo, pois seu uso é amplo e variado. Por exemplo, ela é usada como: 1. Uma imagem de César sobre uma moeda
(Mt. 12. 16). 2. Uma representação
da estátua de Nabucodonosor (Dn. 3.1). 3.
O homem, criado como uma representação visível de Deus (1Co.11. 7). Por essa
razão, Lightfoot acertadamente observa que a ideia de perfeição não está na
palavra em si, mas tem de ser encontrado em seu contexto.[76]
Por isso, para
entendermos o que Paulo quer dizer com a ideia de imagem devemos fazer três
perguntas: A primeira deve ser: Como ela
é usada por Paulo? Em seguida, como
ela é usada por Paulo em relação a Cristo? E finalmente, como ela é usada neste contexto?A
resposta à primeira é que a palavra εἰκών (“imagem”) é
empregada por Paulo em várias ocasiões não só com referência a Cristo como a
imagem de Deus, mas também de forma
genérica, como citado supra.
No que se refere à
segunda, observa-se que em ambos os
textos onde Paulo afirma que Cristo é a εἰκών (“imagem”) de Deus (aqui e em 2
Coríntios. 4:4), o foco está na revelação
de Cristo como sendo igual em essência a Deus. Vincent observa que neste verso a palavra “imagem”
implica em um arquétipo que incorpora a verdade essencial (ontológica) de seu
protótipo.[77]
Raph P. Martin assevera que “no pensamento antigo acreditava-se que eikon não era apenas uma representação
plástica dos objetos assim retratados, como também pensava-se que participava
de alguma da substância do objeto que o simbolizava”.[78] Sendo assim, se deve entender que, diferente
do ser humano, Cristo é a imagem de Deus no sentido ontológico (isto
é, tem a mesma essência de Deus).
A terceira e última pergunta (Como ela é usada neste
contexto?) lança luz sobre o pensamento paulino. Segundo muitos estudiosos, a εἰκὼν τοῦ θεοῦ (“imagem de Deus”) aqui pode apontar para um
pano de fundo diferente, a saber, a
sabedoria. No Antigo Testamento, e principalmente em provérbios, parece
haver uma identificação da “sabedoria” ou “a palavra” com a “imagem de Deus”.
De fato parece haver
uma ligação da linguagem de Col. 1. 15-20 com a palavra רֵאשִׁית (principio,
começo, cabeça), usada com referência à sabedoria em Provérbios 8. 22, 23:
“O Senhor me criou [referindo-se a sabedoria] como o princípio (רֵאשִׁית WLC e ἀρχὴν na LXX) de seu caminho, antes das
suas obras mais antigas; fui formada desde a eternidade [divindade da
sabedoria], desde o princípio, (רֵאשִׁית
WLC e ἀρχῇ na LXX) antes de existir a terra”. O Dr. Daniel
Santos, em um recente artigo sobre Calvino e a literatura sapiencial, assevera
que o exegeta genebrino também via uma íntima ligação entre a sabedoria e
Cristo. Suas palavras são: “Calvino parece não ter a menor dúvida de que o
texto de Provérbios 8 esteja falando realmente do Verbo de Deus...”[79]
Sendo assim, ao que
parece, Paulo, em comum com outros escritores do AT (8. 22, 23) e NT (Jo. 1.4; Hb 1.3),
identifica Cristo com a Sabedoria de Deus e atribuindo-lhe certas atividades
que são atribuídas à personificação da Sabedoria, como podem ser vista na
literatura Antiga Testamento e na tradição judaica.[80] Nas
palavras de Douglas Moo, o hino afirma que a imagem original (sabedoria
personificada) pode ser encontrada na pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus.[81]
Esta σοφία
(sabedoria) buscada pelos judeus e este ἐπίγνωσις (conhecimento) buscado
pelos gentios, segundo Bruce, é em Cristo uma pessoa viva, aquele que alguns dos colossenses encontraram face a
face.[82]
Finalmente,
com o uso da palavra “imagem”, Paulo está enfatizando que Jesus é a
manifestação perfeita de Deus. Para vermos como é Deus devemos olhar para Jesus
(cf. João 14.7-10; 1.14-18; 12.45; Hebreus 1.3). Assim, a natureza e o caráter
de Deus foram perfeitamente revelados em Cristo, no qual o Deus invisível se
tornou visível.[83]
O CRIADOR DE TODAS AS COISAS.
Após falar de Cristo
como manifestação do Pai, Paulo continua a louvar a pessoa de Cristo, agora
como o criador de todas as coisas. Dos versos 15b a 16, Paulo fala da Supremacia e centralidade de Cristo em
relação à criação, e mostra que o universo foi criado no Filho (ἐν αὐτῷ - a
esfera da criação) por meio dele (ἐν αὐτῷ - como o agente divino da criação),
para ele (εἰς αὐτόν - como o objetivo ou alvo da criação). [84]
O termo πρωτότοκος (adjetivo pronominal nominativo masc. Singular – “primogênito”) sintetiza
o pensamento paulino sobre a Supremacia de Cristo. De início deve-se entender
que, assim como εἰκὼν (imagem) o adjetivo πρωτότοκος não pode ser interpretado
ao pé da letra. Também, além dos aspectos gramaticais deve-se analisá-lo a luz
da teologia sistemática. A palavra πρωτότοκος (primogênito) não pode ser
entendida como se Cristo fosse o primeiro ser criado, como a primeira vista
pode deixar a entender. O’ Brien observa que o contexto deixa claro que o
título não pode se referir a ele como o primeiro de todos os seres criados,
pois as palavras imediatamente a seguir, que fornecem um comentário sobre o
título, enfatizaram o ponto que ele é o único por quem a criação toda veio a
existir.[85]
O erro de muitos
estudiosos ao longo da história (entre eles Ário) foi o de não entender à luz
do contexto, o genitivo κτίσεως (substantivo
genitivo feminino singular – “criação”). Este não
pode ser entendido como “partitivo” (Cristo como parte da criação), mas sim
como genitivo de “subordinação” (a criação subordinada a Cristo ou Cristo sobre
a criação).[86] É
digo de nota, também, que tanto Lightfoot, como F. F. Bruce, citam dois textos
rabínicos, o qual o termo “primogênito” é usado para Deus, o Pai. Nestes
textos, não há certamente como
concluir que Deus seja parte da criação.[87]
Assim, como corretamente observa Keathley,
“primogênito”, neste texto, significa duas coisas: Ele precedeu toda a Criação,
e Ele é soberano sobre toda a criação.[88]
Após falar da
supremacia de Cristo sobre a criação (verso 15), Paulo passa a descrever a centralidade de Cristo na mesma.
No verso 16, ele cita três formas específicas em que Cristo e a criação são
relacionados: “nEle foram criadas
todas as coisas”... “Tudo foi criado por
meio dele” e finalmente “tudo foi criado para ele”.[89]
A interpretação da
frase ἐν αὐτῷ ἐκτίσθη τὰ πάντα (literalmente, “em ele foram criadas todas as
coisas”) tem sido a razão de grande discussão no meio acadêmico. A tradução
desta cláusula é incerta, e a ambiguidade da preposição grega ἐν (“em”) é a
questão. Alguns veem a preposição ἐν (“em”) no sentido instrumental (“por meio de”), em que Cristo é o instrumento de criação. Além dos textos
bíblicos (tais como João 1.3; 1 Coríntios 8.6, dentre outros), esta ideia tem
como base da tradição judaica. Outros interpretam esta preposição como um locativo (“nele”), onde Cristo é a
esfera da criação. Finalmente, há aqueles que argumentam que ambos os sentidos
pode ter sido intencional. [90]
À luz do verso 17,
entendemos que a preposição ἐν deve ser vista como um locativo. Nesse sentido,
ela aponta para Cristo como a “esfera”
dentro da qual a obra da criação ocorre. Segundo Haupt, a frase “nele” tem a
mesma força como em Efésios 1.4, onde se ler: “Porque Deus nos escolheu nele
antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua
presença” (NVI - destaque nosso). Nesse sentido a criação de Deus, como a sua
eleição, ocorre ἐν (em) “Cristo” e não a parte dele.[91]
Vaughan segue este mesmo caminho e diz que a criação em relação a Cristo estava
condicionada a sua causa, o seu centro de
origem, a sua localização espiritual. [92] Sendo
assim, ἐν αὐτῷ deve ser entendida como “em sua mente” ou “em sua esfera de
influência e responsabilidade”. Praticamente, isso significa que Jesus concebeu
a criação e as suas complexidades.[93] Hendriksen
ilustrou esta verdade dizendo que Jesus é a pedra angular de todo o edifício
que leva a sua orientação e direção.[94]
A EXTENSÃO DA CRIAÇÃO E O SENHORIO DE CRISTO SOBRE ELA.
Após falar sobre o
criador, Paulo passa a tratar sobre a extensão
da criação. De início deve-se observar que as palavras “τὰ πάντα” (“todas as
coisas”) são usadas por Paulo como lema em várias partes do “hino”. Elas
expressam uma universalidade e sugere
um sentimento coletivo, isto é, “o
universo inteiro”.[95]
Dentro deste mundo criado, Paulo destaca as coisas invisíveis, e as lista em
quatro classes de poderes angelicais: “tronos” (θρόνοι) e “domínios”[96]
(κυριότητες, cf. 1 Co. 8. 5.); “principados” (ἀρχαί) e “poderes”[97] (ἐξουσίαι).
Estes poderes provavelmente representavam na filosofia pré-gnóstica a maior
ordem do reino angelical. Do mais alto ao mais baixo. Para o pensamento
filosófico da época, os anjos deveriam receber veneração dependendo do seu
suposto “rank”.[98]
Assim, Paulo afirmou que Cristo é superior a todos os seres angélicos,
inclusive os mais sublimes (cf. Hb. 1:1-14). Bons
ou ruins todos eles estão sujeitos a Cristo como Criador. Com a heresia de Colossos em mente, o apóstolo
insiste
que qualquer outro ser criado é totalmente incapaz de rivalizar com Cristo.[99]
Paulo enfatiza ainda
que é Cristo quem mantém firme todas as coisas. É digno de nota, a mudança de
tempo do verbo “criar”. No início do verso, ele aparece no aoristo (ἐκτίσθη) e
chama a atenção para o fato histórico. No final é colocado no prefeito (ἔκτισται)
e focaliza a existência contínua e permanente da criação. Ele é sustentador
permanente de todas as coisas, como será dito no verso 17.
Por
fim, o Apóstolo assevera que além de ser o início e o meio, Cristo é também o
τέλος (fim) da criação. Ele é a razão para a qual todas as coisas existem, a
meta para a qual todas as coisas tinham a intenção de se mover. Como
corretamente observa Melick,
toda criação é destinada “para servir a
Sua vontade, contribuir para a Sua glória”. [100]
5.2. 2ª ESTROFE - A
exaltação de Cristo o Sustentador de todas as coisas e Senhor da igreja. 17-18a
O SUSTENTADOR DE TODAS AS COISAS
Após
falar da supremacia e centralidade de Cristo em relação à criação, Paulo passa
a exaltá-lo como sendo o
Sustentador de todas as coisas e Senhor da igreja. 17-18a. Bruce assevera que o ensinamento da primeira estrofe
é recapitulado, nesta estrofe de transição, em uma dupla reafirmação da
preexistência e do significado cósmico de Cristo:[101]
“E ele é antes de todas as coisas”, e, “as coisas todas nele se postaram juntas
e permanecem juntas” (v. 17). Na primeira parte Paulo destaca a Primazia de Cristo. “E ele é antes de
todas as coisas” (v. 17a). A preposição πρὸ (“antes de”) pode
designar tanto prioridade no tempo como “prioridade na classificação”. Segundo
Wallace, considerando o contexto, ela aponta para ambas nuances (tempo e
prioridade). Assim, Cristo tem prioridade sobre todas as coisas e está antes
delas.[102]
Em
seguida, Paulo assevera que Ele é o
sustentador de todas as coisas: “As
coisas todas nele se postaram juntas e permanecem juntas” (v. 17b). O verbo συνέστηκεν (verbo indicativo perfeito ativo
3a pessoa singular) significa, neste
contexto,
“manter juntos”, “coerentes”.[103]
O tempo perfeito, aponta para o fato que, o universo teve e continua tendo sua
coerência contínua em Cristo. Calvino lembra
que o Criador não esqueceu a criação. Ele diariamente mantém o equilíbrio no
universo.[104] Nas
palavras de Lightfoot, Cristo é “o princípio da coesão”, que faz o universo um
cosmos em vez de um caos.[105]
Sem ele, a gravidade deixaria de funcionar, os planetas não permaneceriam em
suas órbitas.
O SENHOR DA IGREJA
Após falar sobre o
domínio de Cristo sobre todas as coisas ele agora fala de maneira mais
particular sobre seu senhorio na igreja.
Com a menção de Cristo como o
cabeça (κεφαλή) da igreja, o hino, passa a partir de uma perspectiva cosmológica para uma eclesiológica, soteriológica e escatológica.[106]
É
digna de observação a repetição do pronome αὐτός (“Ele”). Em todo o hino, e principalmente aqui, seu
uso é enfático e possivelmente envolvendo uma antítese entre Cristo e
as demais poderes espirituais. Paulo começa dizendo novamente que, Ele e nenhum outro, é a cabeça do corpo.
A analogia feita por Paulo lança luz nesta ideia. O corpo (igreja) e a cabeça
(Cristo) formam um organismo vivo, composto por membros vital um para o outro.
Juntos, eles constituem uma unidade viva. Um sem o outro será incompleto. Os
hereges diziam que era possível viver plenamente sem Cristo. Paulo afirma
veementemente que somente Ele é a cabeça que dá vida ao corpo.
A
grande dificuldade nesta estrofe reside no termo “σώματος” (substantivo genitivo neutro singular - “corpo”).
Exegetas recentes, como Schlier e Käsemnn, influenciados pelo mito gnóstico do
redentor humano, entendem que as almas de todos os homens pertencem a um só
corpo cósmico pneumático.
[107]
Todavia, essa ideia tem sido rejeita, pois postula que a base de Paulo foi
fontes gnósticas e não as verdades do AT (o que é improvável e incomum em
Paulo) e não se relaciona com as demais referências de corpo, feitas pelo
apóstolo nas demais cartas por ele escritas. Sendo assim, ao que parece termo “σώματος” (“corpo”) é usado aqui por Paulo no sentido
tradicional, isto é, como a ἐκκλησίας (“igreja”) de Cristo, como vemos na sequência do
verso.
Além
de definir o que é corpo faz-se necessário entender o seu uso aqui. Alguns
intérpretes entendem que com essas palavras Paulo esta apresentando Cristo como
“a fonte da vida da igreja”. Todavia,
esse não parece ser o seu significado principal. É verdade que em outras cartas
Paulo emprega o termo “σώματος”
(“corpo”) para se referir às relações mútuas e as obrigações dos membros da
igreja. Neste sentido “cabeça” (κεφαλή) do corpo não tem posição especial ou
honra, é contado como um membro comum. Todavia, em Colossenses e Efésios, há um
avanço na linha de pensamento em relação à ideia da Igreja, como corpo de
Cristo. Como observa O’ Brien, a relação viva entre os membros é mantida, (Cf.
1 Coríntios e Romanos), mas um elemento novo é acrescentado de forma mais
clara, isto é, Cristo como Senhor da igreja.[108]
Ridderbos parece entender da mesma maneira. Sua interpretação postula “Cristo
como parte mais proeminente do corpo”.[109]
Como corretamente certifica Calvino, Cristo como cabeça da igreja, é o seu
chefe, que a guia e rege. Ele tem autoridade para governar a Igreja, a quem os
fiéis devem olhar e seguir, e a quem a unidade do corpo depende somente.[110]
A
história parece testemunhar a favor desta ideia. No mundo antigo, a ideia de “a
cabeça”, foi concebida para ser o membro de direção da entidade, que ambas
controladas e entregaram a sua vida e sustento.[111]
Nos escritos de Filo, encontramos essa ideia. Ele diz: “O homem virtuoso, seja
homem ou povo, será a cabeça [κεφαλή] da raça humana e todos os outros serão
como as partes do corpo que são animados pelos poderes da cabeça”.[112]
Em
suma, Cristo é “a esfera na qual a igreja foi criada (v. 15,16), a fonte de
sustento (17) e a direção” (18).
Contra as pessoas que estavam discutindo que a experiência espiritual final
tinha que ser encontrado em lugares além de Cristo, tais como filosofia (2: 8-10); legalismo (2: 11-17); misticismo (2:18-19); asceticismo
(2:20-23); Paulo mostra que se Cristo é o único Senhor da igreja. Tudo que
precisamos reside Nele. O corpo (a igreja) depende dele para tanto para a
salvação como para a plenitude da vida.
5.3. 3ª ESTROFE - EXALTAÇÃO
DO CRISTO RESSURRETO, EM QUEM TODA PLENITUDE HABITA E QUE É TAMBÉM O AGENTE DE
DEUS PARA TRAZER O UNIVERSO EM HARMONIA ATRAVÉS DA RECONCILIAÇÃO (18B – 20).
CRISTO RESSURRETO
“Ele é o princípio, o primogênito
dentre os mortos”. A pessoa que é
a cabeça do corpo, a igreja, é o Cristo ressurreto. A ideia de ἀρχή (“princípio”) deve ser entendida em um aspecto
cronológico. Por essa razão, “princípio” nesta passagem, implica em “fundador”
ou o que “abrir o caminho”. Esse entendimento lança luz na compreensão da
segunda menção do termo πρωτότοκος (“primogênito”). Ele é um eco do verso v. 15b. “o primogênito de
toda criação”. No verso quinze πρωτότοκος
(“primogênito”) sugere tanto a
precedência no tempo como a supremacia na categoria. Ao que parece aqui a ideia
de precedência é a mais proeminente.
O
significado é que Cristo foi o primeiro a ressuscitar sem voltar a morrer. Ele
é o que inicia a ressurreição escatológica (cf. 1Co. 15:20). Como observa
Ridderbos, aquele que se tornou o “inaugurador a nova humanidade”.[113]
É bom lembrar, por outro lado, que essa ideia não exclui a sua Soberania, como
vemos no verso 15, pois o fato dele ser primeiro a nascer dos mortos, isso lhe
concede a dignidade e a soberania pertencente ao Primogênito. Sendo assim,
Cristo não apenas ocupa um lugar e tem dignidade especial, mas vai adiante de
sua igreja abrindo o caminho para unir o futuro dela ao seu próprio.[114]
Ele tem supremacia sobre tudo. O hino já havia afirmado a precedência de Cristo
na criação, mas agora menciona sua primazia na ressurreição. Em ambas (criação
e nova criação) tudo vem dele e é para ele. O verbo πρωτεύω (“tendo primazia”) ocorre apenas aqui no Novo Testamento e traz a
ideia de “ter o primeiro posto”. Moule traduz como: “que ele possa ficar
sozinho supremo entre todos” ou “cabeça única de todas as coisas”.[115] Já a
frase ἐν
πᾶσιν (“em todas as coisas”),
poderia também ser traduzida como “entre todos os povos”, apontando assim, para
o reinado de Cristo sobre toda a terra. Este senhorio universal de Cristo não é
apenas uma afirmação teórica sobre a forma como o mundo é, mas tem uma série de
implicações que se estendem para a vida toda. [116]
CRISTO A PLENITUDE
DE DEUS
No
verso 19, Paulo passa a dizer que o Filho do amor de Deus é a esfera da
reconciliação: “Porque nele pareceu bem toda a plenitude habitar” [117]. (V. 19.) A palavra ὅτι
(“porque”) é uma conjunção de subordinação causal, que introduz a razão pela
qual o Filho é supremo na igreja. Sua supremacia é encontrada não apenas em
quem Ele é em sua pessoa declarada em (15-18a), mas também no propósito eterno
de Deus de que unicamente “nele” (note
a posição enfática do ἐν αὐτῷ) “toda
plenitude” habitasse.
Um
pergunta a ser feita aqui é: “o que Paulo quer dizer com a palavra πλήρωμα (‘plenitude’)?” Essa pergunta não é tão simples
como parece. Há uma vasta discussão tanto no que se refere ao seu pano de fundo
(origem gnóstica ou não), como no seu significado. Como não há aqui nem tempo
nem espaço para tal discussão, apresentaremos apenas o seu significado e a
ideia principal.
A
maioria dos exegetas entende πλήρωμα (“plenitude”) como paralelo com “plenitude da
divindade” (2.9). Nesse sentido o Filho encarnado era e é à plenitude de Deus,
isto é, possui todas as qualidades da essência divina. Os falsos mestres em
Colossos estavam convidando os cristãos para experimentar “plenitude”
verdadeira, seguindo sua filosofia (2.8) e regras humanas (cf. 2.16-23), a que
Paulo responde: a “plenitude” que você está procurando só é encontrada em
Cristo. O Apostolo reforça esta ideia com o uso da palavra pan (“todos”). Uma leitura atenta revela uma
“tautologia”,[118] pois como observa
Douglas Moo, “plenitude” em si indica totalidade.[119]
O objetivo de Paulo com esse recurso literário é enfatizar que Cristo era a
única coisa que os cristãos de Colossos precisavam para receber a redenção da
alma e plenitude da vida.
Paulo fala ainda, que
Cristo é a fonte permanente da plenitude. Ele é o “lugar,” no qual o Pai em
toda sua plenitude teve o prazer de fazer a sua residência, a qual é uma casa de
habitação permanente, e não
temporária, como o tempo presente no verso nove do capítulo dois deixa claro (κατοικεῖ
- habita em contraste com “παροικέω”, “peregrinar”).
CRISTO O RECONCILIADOR DE TODAS AS COISAS
No
último verso do “hino” Paulo apresenta Cristo como o reconciliador de todas as
coisas: “E através dele reconciliar todas as
coisas para ele, tendo feito paz através do sangue dele, através dele, quer as
coisas sobre a terra, quer as coisas no céu”. (v.
20)
“Através
dele” é enfático e envolve mais uma vez uma antítese entre Cristo e os demais
poderes espirituais. Ele aponta para Cristo como o
único agente de reconciliação. Os falsos mestres estavam dizendo que os anjos
e emanações poderiam de alguma forma aproximar os homens a
Deus. Em contrapartida, Paulo diz que,
Jesus Cristo é o único meio de reconciliação e sua morte na cruz o único método
que Deus escolheu para usar. Mais uma vez foi o Pai que soberanamente, quis reconciliar todas as coisas
através (δι') do Filho.
É
digno de nota que o verbo aqui utilizado para “reconciliação” (ἀποκαταλλάξαι) ocorre apenas mais duas vezes no Novo Testamento
(v. 22; Ef 2.16.). Seu uso neste texto parece similar aos demais usados pelo
Apóstolo e traz a ideia de “mudança de inimizade para amizade”, “nova harmonia”
e “nova paz”. (cf. Rm 5.10, 11; 2 Cor 5.18-20;). Segundo Vaughan,
a maneira que ele foi colocado aqui, provavelmente tem a força intensiva: “para
mudar completamente”, ou, “mudar de modo a remover toda a inimizade”. [120]
Deve-se
notar também que há outros verbos que Paulo usa na Bíblia (os quais também são
usados na literatura secular) que possibilita a reconciliação por meio da ação bilateral, ou seja, duas pessoas que
trabalham juntas em favor da reconciliação. Todavia, o verbo ἀποκαταλλάξαι aponta para uma reconciliação unilateral. Em suma, a reconciliação é a obra completa de Deus Pai por meio do
Deus Filho, pelo qual o homem é levado da posição de inimizade para a posição
de harmonia e paz ele mesmo.
Paulo assevera ainda que, a cruz é o lugar, uma parte vital e
necessário da reconciliação. Isto é evidente nas palavras, “tendo
feito paz através do sangue dele” (Col. 1:20 , cf. também Ef. 2:14-18 ). É
na cruz que Cristo se tornou o substituto do corpo que é a igreja e pagou o
preço pelos pecados de cada membro eleito. Essa mensagem da Cruz, que
para os filósofos era loucura, para os legalista era escândalo, é meio de
reconciliação e salvação para os que creem.
Finalmente, o apostolo
assevera que este trabalho de reconciliação se estende a “todas as coisas... na
terra ou nos céus”. De início deve-se entender que este versículo não ensina o
universalismo ou a salvação universal. O universalismo é o ensino que todos os
seres, incluindo aqueles que rejeitaram a Jesus Cristo, um dia vão ser salvos.
Não era isso que Paulo acreditava. “Restauração universal” não era uma parte da
teologia de Paulo, pois ele certamente ensinava que os pecadores precisavam
acreditar em Jesus Cristo para serem salvos.[121]
Além disso, todo e qualquer ensino de salvação universal é totalmente contrário
ao resto das Escrituras.
Então,
o que as palavras “todas as coisas” e “quer as coisas sobre a terra, quer as
coisas no céu”, se referem? É verdade que os seres humanos caídos são os objetos
principais desta reconciliação. Isto fica claro a partir do Novo Testamento em
geral e da continuação deste texto (v. 21-23). Mas seria um erro grave (nem
sempre evitado) limitar este trabalho “conciliação” para seres humanos.[122]
Como corretamente observa Ladd “a ideia bíblica de
redenção sempre inclui a terra. O pensamento hebraico via uma unidade
essencial entre homem e natureza”.[123] Segundo
ele, “em lugar algum o Antigo Testamento prega a esperança de
uma redenção incorpórea, imaterial, meramente “espiritual”, como o
faz o pensamento grego”.[124]
A
resposta, então, é que Paulo quer mostrar que a reconciliação de Deus não se
limita a humanidade. Exegetas e comentaristas têm afirmado que colossenses 1.
20 deve ser entendido à luz de Romanos 8.18-23. Johnson,
explicando este texto a luz de Romanos, diz que o apóstolo vê o homem e a
criação ligados entre si. O pecado do homem afetou toda a criação (cf. Gn
3,17-19). Respondendo a isso, a reconciliação afeta não só o homem, mas o
universo criado. A própria criação geme e está cheia de dor enquanto espera o
dia da sua redenção (cf. Rm 8.22).[125]
Hoekema falando sobre
esse assunto assevera que:
Para entender completamente o sentido da
história, portanto, devemos ver a redenção de Deus
em dimensões cósmicas. Uma vez que a expressão “céus e
terra” é a descrição bíblica de todo o cosmos, podemos dizer que o
alvo da redenção é nada menos do que a renovação do cosmos, aquilo que os
cientistas da atualidade denominam de universo. Uma vez que a
queda do homem no pecado afetou não apenas a ele só mas, também, ao
resto da criação (ver Gn 3.17-18; Rm 8.19-23), a
redenção do pecado deve igualmente envolver a totalidade da
criação de Deus.[126]
Hermann Ridderbos
parece ter a mesma ideia ao dizer:
Esta
redenção [operada por Cristo]... adquire o sentido de um drama divino que
abrange tudo, ou, seja, é uma luta cósmica, na qual está
envolvido não somente o homem em seu pecado e condição de
perdição, e na qual estão inscritos os céus e a terra, anjos e
demônios, e cujo alvo é trazer de volta todo o cosmos criado para estar
sob o domínio e senhorio de Deus.[127]
Douglas
Moo vai mais longe e diz que a chave para o entendimento é a elaboração dessa
ideia na cláusula participial: “tendo feito paz através
do sangue da cruz dele”. Segundo ele,
esta linguagem tem como pano de fundo a previsão do Velho Testamento que, no
último dia Deus vai estabelecer שָׁלֹום (“shalom” - “paz” ou
“bem-estar”) universal. O Antigo Testamento Javé sobre a forma de “paz” traria
segurança e bênção para Israel na terra que ele mesmo lhes deu. Essa ideia ao
que parece se estenderia a toda criação. Provavelmente com isso em mente, Paulo
proclama que a paz já foi estabelecida em Cristo. Assim, o
universo, em Cristo, foi trazido de volta para a sua ordem divinamente criada e
determinada. Ele está novamente sob a cabeça e paz cósmica voltou. [128]
Sendo
assim, ao responder ao evangelho, os Colossenses experimentaram essa
reconciliação (vv. 21-22), e são, portanto, habilitados, como novas pessoas da
Nova Aliança de Deus, para viver em paz um mundo perigoso e hostil. Eles não
precisam temer os poderes espirituais que se acreditava ser tão determinante do
seu destino.[129]A
importância desta verdade é evidente: os anjos ou quaisquer outros seres
espirituais não possuir o poder de transformar o mundo em um caos. O reino dos
céus já chegou (mesmo que ainda não esteja em sua forma plena) e o caos já se
transformou em cosmos.
6. MENSAGEM PARA A ÉPOCA
DA ESCRITA.
Quando Paulo escreveu este
texto, ele estava no primeiro momento, interessado na resposta dos leitores da
igreja de Colossos quanto à pessoa e obra de Cristo. Como já fora dito, foi na
igreja dos Colossos que houve uma das primeiras tentativas de negar a total supremacia
e suficiência de Cristo. Os falsos
mestres de Colossos alegavam que Cristo sozinho não era suficiente nos aspectos
espirituais ou na plenitude da vida. Consequentemente defendiam uma variedade
de aditivos espirituais. Grande
parte dos comentaristas,[130]
tem dito que um dos propósitos de Paulo ao escrever esta carta foi o de
combater a “heresia de Colossos”, mostrando a supremacia e suficiência de
Cristo. Ao
que parece, Paulo escreveu Colossenses 1: 15 – 20 a fim de responder principalmente,
as ideias filosóficas desta heresia. Esta resposta, por sua vez, visava
alcançar tanto judeus como gentios.
Nesse sentido, Paulo
almejava que seus leitores entendessem que Cristo era tudo o que eles
precisavam para a redenção da alma e a plenitude da vida. Aos judeus, como bem
observa Frank Thielman, Paulo mostra que “Cristo desempenhou um papel
tradicionalmente atribuído à ‘sabedoria’ na criação e, portanto está acima de
todos os outros poderes cósmicos”.[131]
E aos gentios, os quais estavam sendo influenciados fortemente pela filosofia
pré-gnóstica, Paulo afirma que, todos os aqueles que “têm acesso a ele pela fé
(2. 12), tem acesso a todos os tesouros da sabedoria
e o conhecimento necessários para
enfrentar o seu caminho através da vida.”[132]
(itálicos meus). Herman Ridderbos parece seguir a mesma ideia quando diz que o
que é anunciado neste texto é o mesmo no contexto da oração de efésios, onde
Cristo é apresentado como sendo “largura e cumprimento e largura e
profundidade” (3. 18)[133]
Em
suma, a mensagem de Paulo para a igreja se Colossos neste texto, é que o Cristo encarnado é supremo sobre todas as coisas, pois Ele é o
criador universo, a esfera na qual tudo subsiste e o agente de Deus para trazer o
cosmo em harmonia através da reconciliação.
Em resposta a está verdade, os Colossenses deveriam abandonar todos os aditivos
apresentados pelos falsos mestres e confiar apenas em Cristo tanto no que se
refere à salvação de suas almas, como em relação à plenitude de suas vidas.
7. MENSAGEM PARA TODAS AS
ÉPOCAS.
Como já tido, este texto foi inicialmente
escrito para os cristãos de Colossos ou talvez para todos os cristãos região
do vale do rio Lico (e assim as cidades de Laodiceia e Hierápolis).[134]
Entretanto, seus efeitos e aplicações são para todas as épocas, pois suas
verdades são atemporais. Por essa razão, podemos tirar da
presente perícope princípios fundamentais para a vida da igreja hoje. De início
percebe-se que muitos dos elementos da heresia de Colossos (a filosofia gnóstica, o legalismo, o misticismo e o asceticismo)
também ameaçaram a igreja durante toda história e tem ameaçado a igreja
contemporânea.
Ao
longo dos anos e atualmente, muitos falsos mestres têm apregoado que Evangelho
de Cristo deve ser completado por um sistema elaborado de pensamentos
pseudo-filosóficos alcançados pelo intelecto. Uma espécie de gnosticismo moderno. Vê-se ainda, mestres
legalistas ensinando que somente um
relacionamento pessoal, vital e pessoal com Cristo não é suficiente para
satisfazer a vontade de Deus.[135] Logo, é necessária a observância das leis para
conquistar o amor de Deus. Outros, tomados por um misticismo sincrético, se
entregam a visões e êxtases, e acreditam no poder das “inúmeras correntes”,
“campanhas”, “óleos de Israel”, “sal ungido”, “descarrego” entre outras coisas.
Por fim, há aqueles defendem práticas acéticas
de abster-se de coisas lícitas para ganhar mérito com Deus. Por isso, há
proibição quanto às vestes, cortes de cabelo e outras práticas aceitáveis na
Bíblica, mas proibidas com objetivo de “mortificar” a carne e “elevar” o espírito.
O resgate da supremacia e suficiência de Cristo não
é apenas necessário, é também urgente. Em um mundo de vazio teológico
precisamos resgatar umas das doutrinas mais desprezadas nos últimos anos, isto
é, a cristologia. Precisamos mostrar a centralidade de Cristo no Evangelho da
salvação. Muitas pessoas estão buscando algo que substitua a fé por alguma moda
que tenha um colorido cristão. Todavia, Cristo é único suficiente para vida
cristã. O legado deixado por ele nos aponta o verdadeiro caminho para o céu,
onde todo eleito tem uma herança guardada e preservada pelo próprio Deus. E, a
única coisa a fazer para desfrutar desta gloriosa herança, é andar em Cristo, o
único e suficiente caminho.
Por isso, o texto de Colossenses
1. 15 -20 é extremamente relevante. Hoje tanto quanto no tempo da escrita do
mesmo, a mensagem de Paulo para nós é clara: Jesus Cristo o supremo e divino
Filho de Deus é tudo que precisamos para a salvação
da alma e plenitude da vida.
8. TEOLOGIA DO TEXTO
Seguindo a divisão da teologia bíblica feita
por Van Groningen[136]
(Criação e consumação) percebe-se que o presente texto tem vários elementos
dela. Ele apresenta Jesus como o Criador de todas as coisas e como redentor de
toda a criação. O mundo foi criador por meio dele e será julgado por Ele. De
modo mais especifico, veremos abaixo aspectos da teologia bíblica, sistemática
e pastoral.
8.1. CRIAÇÃO – A AÇÃO CRIADORA DE CRISTO
Paulo mostra nestes
versos, que o universo foi criado no Filho (como a esfera), por meio dele (como
o agente divino), para ele (como o objetivo ou alvo), que foi também
estabelecida de forma permanente nele (como o sustentador do universo). [137]
A confissão de fé de
Westminster tratando sobre esse assunto afirma que:
“Aprouve a Deus o
Pai, o Filho e o Espírito Santo, para a manifestação da glória do seu eterno
poder, sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada, no espaço de seis dias, e
tudo muito bom, o mundo e tudo o que nele há, visíveis ou invisíveis”.[138]
A. A. Hodge comenta que
“Deus
único, que é Pai, Filho e Espírito Santo, no princípio criou do nada os
elementos do mundo, e os trouxe à sua presente forma”.[139]
Rev. Onézio, comentando a confissão de fé de Westminster, corretamente assevera
que “o ato visível da expiação aconteceu
no tempo, mas seus efeitos redentores existem eficazmente desde antes da
criação. Ninguém foi, é ou será salvo senão por Jesus Cristo, o eternamente
divino. A eternidade do Cordeiro não pode ser negada, se afirmada a sua real
divindade.”[140] Essa verdade é
claramente apresentada pelo Apostolo João: “Adorá-lo-ão todos os que habitam
sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do
Cordeiro, que foi morto desde a fundação
do mundo” (Ap 13. 8). O Cristo que apareceu na história existiu antes dela,
e já na condição de Filho e com a missão de redimir os escolhidos do Pai por
meio de sua morte expiatória e dar-lhe uma vida plena por meio de sua união
mística. Os sofrimentos de Cristo antecedem a existência da humanidade.[141]
Isso o torna o único Redentor poderoso!
8.2. TEONTOLOGIA – O SER
DE DEUS.
A palavra “imagem” implica em um arquétipo que incorpora
a verdade essencial (ontológica) de seu protótipo. Diferente do ser humano que
tem a imagem de Deus no que se referem as seus atributos comunicáveis, Cristo é
a imagem de Deus no sentido ontológico. Dr.
Grudem, analisando este texto diz que, Jesus é “a duplicada exata da natureza
de Deus, que se torna igualmente a Deus em seus atributos”.[142] Philip Edgcumbe Hughes afirmar que: “não é tanto… a
glória da deidade do Filho brilhando por meio de sua humanidade, mas… a glória
de Deus sendo manifesta na perfeição de sua humanidade, completamente
harmonizada com a vontade de Deus.”[143]
Esta verdade foi defendida na história da igreja.
Combatendo a Arianismo, os Concílios da Igreja apresentaram Cristo como sendo homoosuios (Gr. homos - mesmo e ousia - essência) de Deus. O termo homoousion do patri (mesma essência do
Pai) significa que Cristo está unido
intimamente com o Pai. O Filho, embora distinto em existência está
essencialmente unido a ele.[144]
Atanásio também defendeu e expôs veementemente está ideia. Ele, contestando a
Ário, defendeu vigorosamente a posição de que o Filho é consubstancial com o Pai e da mesma essência do Pai.[145]
Esta posição foi oficialmente adotada pelo Concilio de Nicéia, em 325, onde se
ler que Jesus Cristo é o “unigênito Filho de Deus,
gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro
Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, de uma só substância com o Pai; pelo
qual todas as coisas foram feitas...”[146]
Calvino comentando o Concílio de Nicéia assevera:
Reconheço que este vocábulo consubstancial não consta na Escritura.
Entretanto, quando se afirma aí tantas vezes haver um só Deus, e contudo tantas vezes a Escritura declara Cristo como verdadeiro e eterno Deus, um com o Pai, que outra coisa fazem os pais nicenos que ele era de uma mesma essência,
senão expor simplesmente o
sentido natural da Escritura?
[147]
(destaque nosso).
A definição universalmente aceita da doutrina da
Igreja quanto à pessoa de Cristo é aquela que foi formulada pelo quarto
Concílio Geral, consistindo de muitos pais da igreja que se reuniram em
Calcedônia, em 451 A.D.[148]
A conclusão que estes teólogos chegaram foi:
Fiéis aos santos pais, todos nós,
perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só mesmo Filho,
nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade e perfeito quanto à
humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma
racional e consubstancial [homoousios] ao Pai, segundo a divindade, e
consubstancial a nós, segundo a humanidade; “em todas as coisas semelhante a
nós, excetuando o pecado”, gerado, segundo a divindade antes dos séculos pelo
Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da virgem
Maria, mãe de Deus [Theotókos]. Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito,
que se deve confessar em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis,
conseparáveis e indivisíveis...[149]
A Confissão Helvética segue o mesmo caminho ao declarar: “Portanto,
quanto à sua divindade, o Filho é co-igual e consubstancial com o Pai;
verdadeiro Deus (Fl. 2.11), não de nome ou por adoção ou por qualquer
dignidade, mas em substância e natureza...”[150]
E acrescenta: “...abominamos, pois, a doutrina ímpia de Ário e de todos os
arianos contra o Filho de Deus.”[151]
A
confissão de fé de fé de Westminster expressa a mesma verdade ao dizer que “o
Filho de Deus, a segunda Pessoa da Trindade, sendo vero e eterno Deus, de uma
só substância com o Pai e igual a ele...”[152]
Todos estes credos e confissões afirmam que o Jesus histórico, que se fez um de
nós e esteve entre nós, era verdadeiramente Deus. Aquele que tem a mesma
essência e substancia com o Pai.
8.3.
CRISTOLOGIA – UNIÃO
HIPOSTÁTICA DAS DUAS NATUREZAS.
Paulo diz que Jesus é
primogênito da criação e que nele habita a plenitude da divindade. Segundo o
Dr. Heber isso aponta para a união hipostática das duas naturezas. Ou seja,
Cristo não tem apenas algumas características da natureza divina, mas todas
elas.[153] Somente
Jesus é uma pessoa com duas naturezas, pois era necessário que ele assim fosse.
Se ele fosse apenas um ser humano, jamais teria suportado os sofrimentos
enquanto esteve entre nós. Por outro lado, se ele possuísse apenas a natureza
divina, não poderia ser o nosso mediador. Falando sobre a necessidade da
deidade do Filho o Catecismo maior de Westminster assevera que:
Era necessário que
o Mediador fosse Deus para poder sustentar a natureza humana e guardá-la de
cair debaixo da ira infinita de Deus e do poder da morte; para dar valor e
eficácia aos seus sofrimentos, obediência e intercessão; e para satisfazer a
justiça de Deus, conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este
povo o seu Espírito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo à salvação
eterna.[154]
Era necessário que ele
fosse verdadeiramente Deus para que obedecesse perfeitamente a Lei e se
tornasse redentor do homem. Sendo verdadeiramente divino, ele foi forte e
poderoso o suficientemente para como o segundo Adão não pecar. Ele precisava
ser Deus para “suportar o peso da culpa do pecado de seu povo, bem como a ira
de Deus que cairia sobre ele como representante dos eleitos, libertando, assim,
os seus da maldição decorrente do não comprimento da lei”.[155]
Era necessário que Cristo fosse divino a fim de apresentar-se como sacrifício
perfeito e aplicasse de forma eterna seus méritos ao seu povo redimido e assim
vencesse nosso maior inimigo, isto é, satanás.[156]
As palavras de Calvino são esclarecedoras: “Cristo
sofreu como homem, no entanto, a fim de que sua morte pudesse efetuar nossa
salvação, sua eficácia fluiu do poder do Espírito. O sacrifício que produziu a
expiação eterna foi muito mais que uma obra meramente humana”.[157]
Já no que se refere a sua plena humanidade
o mesmo catecismo afirma:
Era necessário que
o Mediador fosse homem para poder levantar a nossa natureza e obedecer à lei,
sofrer e interceder por nós em nossa natureza, e simpatizar com as nossas
enfermidades; para que recebêssemos a adoção de filhos, e tivéssemos conforto e
acesso com confiança ao trono da graça. [158]
Se
por um lado Jesus tinha que ser Deus, por outro ele deveria ser plenamente
homem. Sua humanidade fora necessário, pois somente como homem ele podia se
submeter à Lei de Deus (obediência passiva) e obedecê-la (obediência ativa).
Também, para “arcar moral, física e espiritualmente com
as consequências do pecado de seu povo”.[159]
Como homem sem pecado ele pode apresentar a si mesmo como oferta santa e
imaculada (Hb 7.26-27; 9:14) e morrer pelos pecadores eleitos, visto que
somente a carne pode morrer (IPe 1:18-20).[160]
Assim, ele tinha que ser homem para
pagar a dívida humana e ser Deus para pagá-la perfeitamente e para sempre.
Calvino esclarece este ponto ao dizer:
Visto,
então, que Deus por Si só não poderia provar a morte, e que o homem por si só
não poderia vencê-Ia, Ele tomou sobre Si a natureza humana em união com a
natureza divina, para que sujeitasse a fraqueza daquela a uma morte expiatória,
e que pudesse, pelo poder da natureza divina, entrar em luta com a morte e
ganhar para nós a vitória sobre ela.[161]
John Flavel segue o mesmo
caminho ao dizer:
Este é um ato do Deus-homem;
nenhum outro foi capaz de satisfazer um erro infinito feito a Deus. Mas pela
união das duas naturezas em sua maravilhosa pessoa, ele pôde fazê-lo por nós. A
natureza humana fez o que era necessário em seu tipo: deu a matéria a ser
sacrificada; a natureza divina estampou a dignidade e o valor sobre a oferta,
tornando-a uma compensação necessária.[162]
A plenitude de Deus habita no
homem histórico Jesus. Somente Jesus é uma pessoa com duas naturezas, pois era
necessário que ele assim fosse. Se ele fosse
apenas um ser humano, jamais teria suportado os sofrimentos enquanto esteve
entre nós. Por outro lado, se ele possuísse apenas a natureza divina, não
poderia ser o nosso mediador. Falando sobre a necessidade da deidade do Filho o
Catecismo maior de Westminster assevera que:
Era necessário que
o Mediador fosse Deus para poder sustentar a natureza humana e guardá-la de
cair debaixo da ira infinita de Deus e do poder da morte; para dar valor e
eficácia aos seus sofrimentos, obediência e intercessão; e para satisfazer a
justiça de Deus, conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este
povo o seu Espírito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo à salvação
eterna.[163]
Era necessário que ele
fosse verdadeiramente Deus para que obedecesse perfeitamente a Lei e se
tornasse redentor do homem. Sendo verdadeiramente divino, ele foi forte e
poderoso o suficientemente para como o segundo Adão não pecar. Ele precisava
ser Deus para “suportar o peso da culpa do pecado de seu povo, bem como a ira
de Deus que cairia sobre ele como representante dos eleitos, libertando, assim,
os seus da maldição decorrente do não comprimento da lei”.[164]
Era necessário que Cristo fosse divino a fim de apresentar-se como sacrifício
perfeito e aplicasse de forma eterna seus méritos ao seu povo redimido e assim
vencesse nosso maior inimigo, isto é, satanás.[165]
As palavras de Calvino são esclarecedoras: “Cristo
sofreu como homem, no entanto, a fim de que sua morte pudesse efetuar nossa
salvação, sua eficácia fluiu do poder do Espírito. O sacrifício que produziu a
expiação eterna foi muito mais que uma obra meramente humana”.[166]
Já no que se refere a sua plena
humanidade o mesmo catecismo afirma:
Era necessário que
o Mediador fosse homem para poder levantar a nossa natureza e obedecer à lei,
sofrer e interceder por nós em nossa natureza, e simpatizar com as nossas
enfermidades; para que recebêssemos a adoção de filhos, e tivéssemos conforto e
acesso com confiança ao trono da graça. [167]
Se
por um lado Jesus tinha que ser Deus, por outro ele deveria ser plenamente
homem. Sua humanidade fora necessário, pois somente como homem ele podia se submeter
à Lei de Deus (obediência passiva) e obedecê-la (obediência ativa). Também,
para “arcar
moral, física e espiritualmente com as consequências do pecado de seu povo”.[168]
Como homem sem pecado ele pode apresentar a si mesmo como oferta santa e
imaculada (Hb 7:26-27; 9:14) e morrer pelos pecadores eleitos, visto que
somente a carne pode morrer (IPe 1:18-20).[169]
Assim, ele tinha que ser homem para
pagar a dívida humana e ser Deus para pagá-la perfeitamente e para sempre.
Calvino esclarece este ponto ao dizer:
Visto,
então, que Deus por Si só não poderia provar a morte, e que o homem por si só
não poderia vencê-Ia, Ele tomou sobre Si a natureza humana em união com a
natureza divina, para que sujeitasse a fraqueza daquela a uma morte expiatória,
e que pudesse, pelo poder da natureza divina, entrar em luta com a morte e
ganhar para nós a vitória sobre ela.[170]
John Flavel segue o mesmo
caminho ao dizer:
Este é um ato do Deus-homem;
nenhum outro foi capaz de satisfazer um erro infinito feito a Deus. Mas pela
união das duas naturezas em sua maravilhosa pessoa, ele pôde fazê-lo por nós. A
natureza humana fez o que era necessário em seu tipo: deu a matéria a ser
sacrificada; a natureza divina estampou a dignidade e o valor sobre a oferta,
tornando-a uma compensação necessária.[171]
8.4. ECLESIOLOGIA – PREGAÇÃO
Paulo
nos mostra que a mensagem a ser pregada em todas as épocas é a mensagem da
cruz, pois essa
mensagem, que para os filósofos era loucura, que para os legalista era
escândalo, é para os que creem meio de reconciliação e de salvação, pois é por
meio do sangue de Cristo que
alcançamos paz com Deus. (Cf. Co. 1. 20).
Paulo lembra aos colossenses
que o evangelho que tem sido pregado é o único dado pelo próprio Cristo e não
há outro. Este, sem dúvida, contrasta com as visões sectárias que eram
propagadas entre os colossenses por aqueles que estavam apresentando outro
evangelho. O apostolo mostra que o Evangelho
de Cristo é o centro das Escrituras. Aos judaizantes que queriam interpretar a
Escritura sem considerar a pessoa e obra de Cristo, o apóstolo assevera, nesta
carta e em outras, que toda a Escritura
fala direta ou indiretamente sobre Cristo. O Antigo Testamento anuncia sua
vinda, os Evangelhos o mostram entre nós, e as cartas juntamente com Atos e
Apocalipse, apresentam a esperança de seu retorno.
Agostinho, seguindo
esta ideia, afirma que o cânon bíblico, inclusive o Velho Testamento (que os
judaizantes tanto seguiam), deve ser abordado como uma unidade cristocêntrica.[172] Em outras palavras, um evento na vida dos patriarcas, um
episódio da vida de Davi, uma experiência dos profetas não podem ser
apresentados como uma cena isolada, mas como uma unidade cristológica.[173]
Thomas Adams afirma que Cristo é “a suma de toda Bíblia, profetizando,
tipificando, prefigurando, exibido, demonstrado, a ser encontrado em cada folha
e em cada linha”.[174]
Os reformadores também
afirmavam que as Escrituras deveriam ser interpretadas e pregadas de forma
cristocêntrica. O princípio cristológico ou cristocêntrico reformado de
interpretação e pregação das Escrituras afirma que Cristo é a chave e o centro
tanto em uma como em outra. A Bíblia, do início ao fim, se refere a ele, se
concentra nele e dá testemunho dele.[175]
Lutero assevera
que “se olharmos seu significado interior, toda Escritura é somente sobre
Cristo em todo lugar, ainda que superficialmente possa parecer diferente”.[176]
Para Calvino, “Cristo é
a substância, escopo e essência da revelação bíblica, e só é possível
compreender as Escrituras, se elas forem lidas ‘com o propósito de encontrar
Cristo nelas’”.[177] Assim, Cristo é o tema central tanto de Velho como do Novo Testamento.
Este ensino bíblico apostólico visto nestes personagens da ortodoxia
eclesiástica nos lembra da necessidade do reconhecimento da centralidade de
Jesus Cristo (sua pessoa e obra) na interpretação e pregação das Escrituras.
Bryan Chapell em seu
livro “Pregação Cristocêntrica”, mostra-nos que, em todas as pregações (seja no
AT ou no NT) devemos considerar o que ele mesmo chama de “FCD - Focalização da
Condição Decaída”.[178]
Citando Thomas F. Jones ele afirma:
A verdadeira
pregação cristã precisa centralizar-se na cruz de Jesus Cristo. A cruz é a
doutrina central dos santos escritos. Todas as outras verdades reveladas, ou
encontram seu cumprimento na cruz, ou são necessariamente fundamentadas sobre
ela. Portanto, nenhuma doutrina da Escritura pode fielmente ser apresentada aos
homens a menos que se torne manifesto o seu relacionamento com a cruz. Aquele
que é vocacionado para pregar, portanto, deve pregar a Cristo, pois nenhuma
outra mensagem há que proceda de Deus.[179]
Diante disso, devemos
entender que a pregação da Bíblia só será entendida de forma clara e completa
se feita numa perspectiva Cristocêntrica. Não devemos pregar outra coisa senão
Jesus Cristo Ressurreto. Uma pregação separada do centro, na melhor das
hipóteses, trará uma moral edificante, mas jamais será uma pregação bíblica.[180]
Como afirma Chapell “uma mensagem que meramente defende a moralidade e a
compaixão permanece na condição de mensagem não integralmente cristã, mesmo que
o pregador seja capaz de provar que a Bíblia exige tais ensinamentos”.[181]
Hoje em dia, não são
poucos os sermões pregados que jamais mencionam a Cristo. Há outros, que Jesus
Cristo é mencionado, mas a atenção dos ouvintes é direcionada para aplicações
legalistas, “psicologisadas” e acima de tudo antropocêntricas. A fim de agradar
o homem a igreja tem pregado um evangelho que deixa de lado o Deus-Homem. C.
H. Spurgeon aconselhava os seus alunos que apegassem a verdade e anunciassem
todo o conselho de Deus, ao invés de cederem às pressões da época e agradarem
aos seus ouvintes. E ensina:
Sinto-me na obrigação de dizer que
nosso objetivo não é agradar a clientela, pregar para satisfazer a nossa época,
acompanhar o progresso moderno [...] Não procuraremos ajustar a nossa Bíblia a
esta época [...] Não vacilaremos; não seremos orientados pela congregação, mas
teremos o olhar fixo na Palavra infalível de Deus e pregaremos segundo as suas
instruções... [182]
A Igreja precisa voltar
a um princípio reformado “Sola Scriptura”,
e ao tempo dos apóstolos, quando a pregação não era outra senão a pessoa e obra
de Cristo. Diante das evidências bíblicas, históricas e
teológicas, parece impossível pregar eficazmente excluindo Cristo. A relevância
desta verdade está no simples fato de que toda redenção da alma e plenitude da
vida giram em torno de Cristo. Além disso, o homem não pode por si só alcançar
absolutamente nada; tudo vem por meio de Cristo. Cristo é superior a tudo! A
supremacia de Cristo é o que direciona a mensagem. Não existe um meio de
transformar o indivíduo sem apresentar Cristo, pois não há salvação em nenhum
outro (At. 4.12). Somente a pregação cristocêntrica é poderosa para transformar
o homem de perdido para redimido, de pecador para santo. O conselho de Paulo é válido a nós: “Pois não
pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor”
(2 Co 4.5).
8.5.
ECLESIOLOGIA
– ACONSELHAMENTO BÍBLICO
Muitos cristãos já
perderam de vista a suficiência de Cristo em suas vidas. O exemplo disso, é a
crenças que, para abandonar alguns vícios, precisa de Jesus mais medicação,
tratamento psicológico, etc. Buscam a autoajuda, mas se esquecem da ajuda do
alto. Quanto mais soluções
horizontais os homens buscam mais desorientados eles ficam. O grande número
de teorias seculares tem tentado explicar a dor da alma humana, mas sempre sem
sucesso. Além disso, elas a deixam hoje, pior do que se encontravam ontem. Esse texto nos mostra que
Cristo é suficiente para todos os aspectos da nossa vida.
A verdade apresentada por Paulo aos colossenses é útil
a nós hoje. Ele diz mais uma vez que Cristo é suficiente para todos os aspectos
da nossa vida. Jesus Cristo é a origem e alvo de toda a realidade. O mundo
inteiro somente pode ser entendido corretamente quando é visto, a partir de
Cristo, e em direção de Cristo. Para o apóstolo, em Cristo nós somos aperfeiçoados.
Suas palavras são: “Também, nele, estais aperfeiçoados.”
(Cl. 2.10).
Jay Adams estava
correto ao afirmar que Jesus Cristo deve estar no centro de todo genuíno
aconselhamento cristão.[183]
Ele assevera ainda que “qualquer forma aconselhamento que remova Cristo dessa
posição de centralidade deixa de ser cristã na proporção em que o faça”.[184]
Por isso, nada pode desviar nossa fé do supremo e Senhor Jesus Cristo. Ele é
suficiente para vivermos uma vida que agrada a Deus. Nele achamos tudo que
precisamos para vencer as adversidades da vida.
Em Cristo Jesus o ser
humano se reencontra (não teoricamente, mas de modo real) como pessoa criada
segundo a imagem de Deus, destruída na queda do pecado e agora salva e
renovada. Em Jesus são respondidas todas as indagações do ser humano si mesmo
(“de onde eu vim” e “para quê estou aqui”).[185]
John MacArthur retoricamente perguntou: “Onde podemos obter respostas
confiáveis para as mais difíceis perguntas da vida?”[186]
Ele mesmo respondeu: “Nosso todo-suficiente salvador não nos deixou sem amplos
recursos espirituais. Sua perfeita sabedoria está disponível em sua Palavra”.[187]
Talvez a pergunta a ser
levantada, a qual trará luz à nossa discussão é: “Por que somente Cristo tem a
solução de fato para os nossos problemas?” A resposta desta pergunta deve
considerar um aspecto importante que nos leva a outra pergunta, a saber: “Qual
é a causa dos problemas dos seres humanos?” Resposta bíblica é: “A
pecaminosidade do seu coração”. O pecado original e atual são os grandes
responsáveis dos nossos problemas.
A história bíblica confirma esta verdade. Quando
Deus criou o ser humano ele o fez perfeito e com plena felicidade. Entretanto,
a queda alterou este quadro. A perfeição deu lugar ao pecado, o qual conduziu o
homem à rebeldia e a insensatez, consequentemente, ao afastamento do ideal da
vida. Para resolver este problema, Deus prometeu enviar um salvador (Jesus
Cristo todo-suficiente) que mudaria a situação.
Segundo Paul David Tripp, a boa notícia é que este
salvador veio para trazer mudanças profundas e permanentes. Ele veio para
redimir a humanidade e resolver o problema central do ser humano, isto é, o
pecado: que levou todos nós há uma condição e comportamento infeliz. A
implicação dessa notícia é que somente Cristo pode resolver esse problema
humano.[188]
Qualquer outro antídoto é apenas paliativo.
Este é, talvez, o grande diferencial do
aconselhamento bíblico para uma consulta psicológica. A psicologia secular humanista parte do
pressuposto de que o homem deve ser entendido como um ser
contido em si mesmo, isto é, autônomo. Todas as demais conclusões sobre ele seguem
à risca esta ideia. A visão reformada, entretanto, enxerga o homem
dentro de sua real história de vida, por meio dos conceitos da criação, queda e
redenção. Somente Cristo pode tratar do mal na raiz.[189]
Sendo
assim, a o aconselhamento cristocêntrico parte do princípio de que o
homem sem Deus está totalmente perdido e sem esperança. A única solução para os
problemas de sua alma está na
cruz. Só em Jesus o homem pode ter a paz verdadeira, só nele
encontramos respostas para os anseios e temores. O maior problema da alma é o
pecado e só Jesus tem a cura!
Concluo
esta parte citando mais uma vez John MacArthur:
A igreja está
afundando num atoleiro de mundanismo e de auto-indulgência (sic). Mas do que
nunca, precisamos de uma geração de líderes dispostos a confrontar essa
tendência. Precisamos de homens e mulheres piedosos, mais do que nunca,
precisamos de uma geração de líderes dispostos a confrontar com a verdade de
que em Cristo nós herdamos recursos espirituais suficientes para cada
necessidade, para cada problema – tudo que conduz a vida e a piedade.[190]
Conclusão:
Nunca se tentou
criar tantos atalhos para céu como nos últimos dias. Tomar a cruz e seguir a
Jesus tem sido literalmente caminhar com um madeiro. O cristianismo virou
sinônimo de legalismo para vários grupos religiosos. Por outro lado, há os que
querem tornar este caminho mais suave e tranquilo. O antropocentrismo e suas
técnicas humanas têm tomado o lugar de Cristo na igreja. A verdade de Deus tem
sido esquecida e muitas vezes abandonada. O gnosticismo tem sido avivado e a
luz de Cristo apagada. Neste mudo precisamos lembrar que O Cristo encarnado é supremo sobre todas as coisas, pois
Ele é o Criador do universo, o sutentator do cosmo que reina sobre a igreja e o agente de
Deus na reconciliação de toda criação.
Aplicação:
Cristo
é o único suficiente para vida cristã. O legado deixado por ele nos aponta o
verdadeiro caminho para o céu, o qual todo eleito tem uma herança guardada e
preservada pelo próprio Deus. E, a única coisa a fazer para desfrutar desta
gloriosa herança, é andar em Cristo, o único e suficiente caminho.
CONCLUSÃO
Agora que chegamos juntos ao
fim deste trabalho, esperamos ter lançado luz sobre a passagem bíblica aqui
analisada. Gostaria de concluir com três aspectos apenas. O primeiro está
relacionado com a mensagem principal do texto. Como foi observado, com este
texto Paulo pretendia combater os falsos mestres de Colossos, os quais não negavam a Cristo, mas não lhe
davam lugar supremo. A fim de cumprir este
propósito ele usa um provável hino onde o Cristo encarnado é apresentado como supremo sobre todas as coisas, por ser Ele somente o criador universo,
a esfera na qual tudo subsite e o agente de Deus para trazer o cosmo em harmonia
através da reconciliação.
O
segundo, esta ligado às perguntas iniciais apresentadas na introdução deste
trabalho. Como vimos o pano de fundo desta carta estava marcado por aquilo que
no meio acadêmico é chamado de a “heresia de Colossos”.
O que era e o que ensinava tal heresia é ainda fruto de grande debate na
academia. Mas pode-se asseverar que ela era uma eclética mistura de legalismo
judaico, especulação filosófica grega e misticismo oriental combinados com um
sabor cristão.[193] Esta
heresia usava a máscara do cristianismo, mas não tinha nada de
Cristo. Tinha o rótulo do cristianismo, mas nenhum conteúdo de Cristo.
Vimos também, que termo πρωτότοκος (primogênito) não pode ser
entendido como se Cristo fosse o primeiro ser criado. O contexto deixa claro
que ele é o único por quem a criação toda veio a existir.[194]
É digno de nota, também, que tanto Lightfoot, como F. F. Bruce, citam dois
textos rabínicos, cujo termo “primogênito” é usado para Deus, o Pai. Nestes
textos, não há certamente como
concluir que Deus seja parte da criação.[195]
Assim, como corretamente observa Keathley,
“primogênito”, neste texto, significa duas coisas: Ele precedeu toda a Criação,
e Ele é soberano sobre toda a criação.[196]
Ainda sobre isso, vimos que, o erro de muitos estudiosos ao longo da história
(entre eles Ário) foi o de não entender a luz do contexto, o genitivo κτίσεως (substantivo genitivo feminino singular –
“criação”).
Este não pode ser entendido como “partitivo” (Cristo como parte da criação),
mas sim como genitivo de “subordinação”.[197]
Terceiro
e último, gostaria de destacar, os aspectos teológicos e práticos dessa
perícope e sua aplicação à igreja contemporânea. Em um mundo de vazio teológico
precisamos resgatar uma das doutrinas mais desprezadas nos últimos anos, isto
é, a Cristologia. Precisamos mostrar a centralidade de Cristo no Evangelho da
salvação. Além disso, precisamos mostrar a suficiência de Cristo para a
salvação e plenitude da vida. Muitas pessoas estão buscando algo que substitua
a fé por alguma moda que tenha um colorido cristão. Todavia, Cristo é o único
suficiente para vida cristã. O legado deixado por ele nos aponta o verdadeiro
caminho para o céu, onde todo eleito tem uma herança guardada e preservada pelo
próprio Deus. E, a única coisa a fazer para desfrutar desta gloriosa herança, é
andar em Cristo, o único e suficiente caminho.
Finalmente,
precisamos resgatar a pregação da Cruz. Paulo nos mostra que a
mensagem a ser pregada em todas as épocas é a mensagem da cruz, pois essa mensagem, que para os
filósofos era loucura, que para os legalista era escândalo, é para os que creem
meio de reconciliação e de salvação, pois a cruz é o único método de Deus para
a salvação do homem (Cf, Co. 1. 20).
A minha mais sincera oração, é que
Deus dê graça a sua igreja para que ela não mais tente adicionar adornos ao
evangelho de Cristo. Ele é tudo que precisamos! Voltemos a esta verdade.
Rev. Jailson Santos
[1]
WALLACE, Daniel. Colossians:
Introduction, Argument, Outlin. Disponível
na Bíblia Eletrônica The Word
[2] CARSON
D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução
ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova,
2004. p. 373.
[3]
WALLACE, Daniel. Colossians:
Introduction, Argument, Outlin. Disponível
na Bíblia Eletrônica The Word
[4] KEATHLEY, J. Hampton, III. Background on Colossians. Artigo disponível em:
<http://bible.org/seriespage/background-colossians>
Acessado em: 18/04/2011
[5]
VAUGHAN, Colossenses (EBC), 164 apud WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, Outlin.
Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
[6] CARSON
D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução
ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova,
2004. p. 365.
[7] HARRISON, P. H. The
Problem of the pastoral espistles p. 20 – 22 Apud CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova,
2004. p. 365.
[8] BARCLAY'S, William. Daily Study Bible Commentary New Testament. Disponível
na Bíblia eletrônica e-sword
[9] THOMPSON, Colossians, 105
apud WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, Outlin. Disponível
na Bíblia Eletrônica The Word
[10]
WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, Outlin. Disponível na
Bíblia Eletrônica The Word
[11] BARCLAY'S, William. Daily Study Bible Commentary New Testament. Disponível
na Bíblia eletrônica e-sword
[13] CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS,
Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6.
reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 366.
[14] CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS,
Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6.
reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 366.
[15] HENDRIKSEN,
William. Comentário do Novo
Testamento – Colossenses e Filemon. Tradução de Ézia Cunha de Mullins. 1.
ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1993. p. 95.
[16] Ibid
[17]
LOPES, Hernandes Dias. Comentários
expositivos: Colossenses. Ed. Hagnos, 2008. p. 18.
[18] ENCICLOPÉDIA DA BÍBLIA. São
Paulo: Cultura Cristã, 2008. 1 v. p. 1094
[19]
Ibid
[21]
Apud ibid
[22] KEATHLEY, J. Hampton, III. Background on Colossians.
Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/background-colossians>
Acessado em: 18/04/2011
[23] MACARTHUR,
John. Nossa suficiência
em Cristo. 2. ed. São José dos
Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 165
[24] BRUCE B., Comentarios de la Biblia del Diario Vivir (Nashville, TN: Editorial
Caribe) 1997. Disponível na
Bíblia eletrônica e-sword.
[25]
WALLACE, Daniel. Colossians:
Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
[26] Ver os comentaristas usados para
fazer este trabalho na bibliografia.
[27] Gnosticismo vem do grego
“γνώσεως” (“conhecimento”, “saber”) e segundo R.N. Champlin, refere-se a um
movimento dedicado à obtenção de um conhecimento “genuíno” maior, por meio do
qual, se cria, que poderia ser obtida a salvação e plenitude da vida. O termo
“gnósticos” foi originalmente usado pelos próprios grupos que buscavam o γνώσεως”
(“conhecimento”, “saber”). Para eles, a questão fundamental buscar a “πλήρωμα”
(plenitude), obtida pela “γνώσεως”. Cf. Gnosticismo in: CHAMPLIN, Russell Norman; BENTES, João Marques. Enciclopédia de bíblia teologia e filosofia. 3rd ed.
São Paulo: Candeia, 1995. V. 3.;
VIEIRA, Samuel. O império
gnóstico contra-ataca: a emergência do neognosticismo no protestantismo
brasileiro. São Paulo: Cultura Cristã, c1999. P. 18.
[28] BRUCE B., Comentarios de la Biblia del Diario Vivir
(Nashville, TN: Editorial Caribe) 1997. Disponível
na Bíblia eletrônica e-sword.
[29] CHAMPLIN,
Russell Norman; BENTES, João Marques. Enciclopédia de
bíblia teologia e filosofia. 3rd ed. São Paulo: Candeia, 1995. V. 3. p. 118
[31] Entre as quais estão aquelas que
veem na passagem uma fórmula que emana da sinagoga judaica helenística, a qual
louva a Palavra divina ou Sabedoria. Há também, aqueles que afirmam que foi um
hino gnóstico celebrando a autoridade do governante do mundo mais os poderes do
cosmos.
[32] CARSON
D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução
ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova,
2004. p. 373.
[33] Cf. MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians
and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The
Pillar New Testament Commentary), Disponível
na Bíblia eletrônica Logos
[34] O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary:
Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical
Commentary 44), Disponível na Bíblia
eletrônica Logos
[35]
BRUCE, F. F. Colossian Problems, Pt 4 :
Christ as Conqueror and Reconciler, Bibliotheca sacra 141, no. 564
(1984). 291–302.
[36] KEATHLEY , J. Hampton, III. The
Supremacy of the Person of Christ (Col. 1:15-18). Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado
em: 07/03/2011
[37]
MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand
Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament
Commentary), S. 102 Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[38] CARSON
D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução
ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova,
2004. p. 373.
[39]
Ibid
[40]
FRANCE, R.T. “The Worship of Jesus - A
Neglected Factor In Christological Debate?” Vox Evangelical 12 (1981): 19-33.
[41]
A divisão que segue é uma adaptação de varias outras tendo como base a de
Wallace. Cf. WALLACE,
Daniel. Colossians: Introduction,
Argument, and Outline. Disponível na Bíblia eletrônica The Word.
[42]
Daniel Wallace obseva que é possível iniciar o corpo desta epístola em 1:15,
uma vez que envolvem 1:3-14 agradecimento habitual de Paulo e de
oração. No entanto, uma vez que esta seção é tão essencial para o tema da
carta, ele considera o início do corpo em 1:3. Todavia, creio que começar o
corpo em 1: 3 muda uma estrutura usada por Paulo em suas cartas, isto é,
Saudações, Ações de graças, Corpo e Conclusão. Ver estrutura em: WALLACE, Daniel Colossians: Introduction, Argument, and Outline. Disponível
na Bíblia eletrônica The Word.
[43] CARSON
D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução
ao novo testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova,
2004. p. 363
[44]
WALLACE, Daniel. Colossians:
Introduction, Argument, and Outline. Disponível
na Bíblia eletrônica The Word
[45] HENDRIKSEN,
William. Comentário do Novo
Testamento – Colossenses e Filemon. Tradução de Ézia Cunha de Mullins. 1.
ed. São
Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1993. p.72,
73.
[46]
WALLACE, Daniel. Colossians:
Introduction, Argument, and Outline. Disponível na Bíblia eletrônica The
Word
[47]
Ibid.
[48] Ibid.
[49] O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary:
Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word
Biblical Commentary 44), Disponível na
Bíblia eletrônica Logos
[50] Cf.
Net notas in: <http://net.bible.org/#!bible/Colossians+1:20>
Acessado em 22 de maio de 2011
[51] O artigo dá um sentido
coletivo, ou seja, “a todos”, “todo o universo das coisas”. Sem o artigo, seria “todas as coisas individualmente”.
Cf. VINCENT, M.R. Word Studies in the New
Testament. Wilmington:
Associated Publishers and Authors, 1972. Disponível na Bíblia eletrônica E-sword
[52] ἀρχή esta
palavra, como πρῶτος, sendo absoluto em si não exige o artigo definido.
LIGHTFOOT apud BRIEN, Peter T.: Word Biblical
Commentary : Colossians-Philemon. Dallas
: Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia
eletrônica Logos.
[53]
A presença ou ausência da segunda ocorrência dos termos δι αὐτοῦ
(“através dele”) é um problema de variante textual difícil de resolver.
Todavia, preferiu-se, aqui, manter tais termos e coloca-los em colchetes. Cf. Net notas in: <http://net.bible.org/#!bible/Colossians+1:20>
Acessado em 22 de maio de 2011
[54] Cf. MONTGOMERY, Eric R. The Image of God as the Resurrected State in Pauline Thought. Disponível
em: <http://bible.org/article/image-god-resurrected-state-pauline-thought>
Acessado em 27/02/2011
[55] Cf.
ROBERTSON, A. T. Word Pictures In The New
Testament. B&H Publishing Group, Concise edition, August 2000. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword
. WALLACE, Daniel B. Gramática grega: uma sintaxe exegética
do novo testamento. São
Paulo: Batista Regular, 2009. P. 128. KEATHLEY, J. Hampton, III. The Supremacy
of the Person of Christ (Col. 1:15-18). Artigo disponível em:
<http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18>
Acessado em: 07/03/2011; GOMES, Paulo Sérgio; OLIVETTI, Odayr. Novo Testamento interlinear analítico
grego-português: texto majoritário com aparato crítico. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. xl, p 753.
[56] Cf. ASH, Anthony Lee: Philippians, Colossians &
Philemon. Joplin, Mo. : College Press, 1994 (The College Press NIV
Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[57]
Cf. MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon.
Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament
Commentary), S. 102 Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[58] Ver: BÍBLIA. Novo
Testamento. Grego. 2003. Novo Testamento interlinear. São Paulo:
Cultura Cristã, c2003. p. 704
[60]
Cf. MELICK, Richard R.: Philippians, Colissians, Philemon. electronic
ed. Nashville : Broadman & Holman Publishers, 2001, c1991 (Logos Library
System; The New American Commentary 32).
[61]
O’BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary : Colossians-Philemon.
Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos
[62] MELICK, Richard R.: Philippians, Colissians,
Philemon. electronic ed. Nashville : Broadman & Holman Publishers,
2001, c1991 (Logos Library System; The New American Commentary 32), Disponível
na Bíblia eletrônica Logos.
[63]
MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand
Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament
Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[64]
Ibid
[65] Apud SMITH, Dan “The
Colossian Hymn Col. 1:15-20”: An Exegetical Study. Disponível
em:
Acessado em 02 de maio 2011
[66]O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary :
Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical
Commentary 44), S. 18
[67]
BRUCE, F. F. The ‘Christ Hymn’ of
Colossians 1. 15-20. Bibliotheca sacra 141, no. 564 (1984). p. 104 – 106.
[68]
CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. “Introdução
ao novo testamento”. 6. Reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 363.
[69] CONSTABLE, Thomas L. Notes on Colossians. Comentário Bíblico Disponível em:
Bíblia eletrônica The Word.
[70]
KEATHLEY, J. Hampton, III. “The Supremacy
of the Person of Christ (Col. 1:15-18)”. Disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado em: 07/03/2011
[71] Apud ROBINSON, Haddon W. “Pregação bíblica: o desenvolvimento e
a entrega de sermões expositivos”. Atual. e
ampl. São Paulo: Shedd Publicações, 2005. p. 127, 128.
[72] JAMIESON,
Robert; FAUSSET, A. R.; BROW, David. Commentary practical and explanatory on
the whole Bible. Rev.
ed. Grand Rapids: Zondervan, 1973. Disponível na Bíblia eletrônica E-sword
[74]
Moo, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand
Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament
Commentary), S. 102 Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[75] Apud SMITH, Dan “The
Colossian Hymn Col. 1:15-20”: An Exegetical Study. Disponível
em:
Acessado em 02 de maio 2011
[76] Cf. MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians
and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The
Pillar New Testament Commentary), S. 102
[77]
VINCENT, M.R. Word Studies in the New
Testament. Wilmington: Associated Publishers and Authors, 1972. Disponível na Bíblia
eletrônica e-sword
[78] MARTIN, Ralph P. Colossenses e Filemom. Edições vida
nova. São Paulo. 1984. p. 67
[79] SANTOS, Daniel, O Interesse de Calvino pela Literatura
Sapiencial. FIDES REFORMATA XIV, Nº 2 (2009): pp. 39, 40.
[80] O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary:
Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical
Commentary 44), Disponível na Bíblia
eletrônica Logos
[81] MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and
to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The
Pillar New Testament Commentary), Disponível
na Bíblia eletrônica Logos
[82]
BRUCE, F. F. Colossian Problems, Pt 4 :
Christ as Conqueror and Reconciler, Bibliotheca sacra 141, no. 564
(1984). 291–302, deals with the cosmic reconciliation of Christ.
[83] KEATHLEY, J. Hampton, III. The
Supremacy of the Person of Christ (Col. 1:15-18). Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado
em: 07/03/2011
[84] O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary :
Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical
Commentary 44), S. 18
[85]
Cf. Ibid
[86] WALLACE, Daniel B. Gramática grega: uma sintaxe exegética
do novo testamento. São Paulo: Batista Regular, 2009.
P. 128
[88]
KEATHLEY, J. Hampton, III. The Supremacy of the Person of Christ (Col.
1:15-18). Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado em: 07/03/2011
[89]
MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand
Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament
Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[90]
ASH, Anthony Lee: Philippians, Colossians & Philemon. Joplin, Mo. :
College Press, 1994 (The College Press NIV Commentary), Disponível na Bíblia
eletrônica Logos.
[91]
Apud LANGE, John Peter ; Schaff, Philip ; Braune, Karl ; Riddle, M. B.: A
Commentary on the Holy Scriptures : Colossians. Bellingham, WA : Logos Research
Systems, Inc., 2008, Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[92] VAUGHAN, Curtis: Colossians. In: Gaebelein, Frank E.
(Hrsg.): The Expositor's Bible Commentary, Volume 11: Ephesians Through
Philemon. Grand Rapids, MI : Zondervan Publishing House, 1981,
Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[93]MELICK, Richard R.: Philippians, Colissians,
Philemon. electronic ed. Nashville : Broadman & Holman Publishers,
2001, c1991 (Logos Library System; The New American Commentary 32), Disponível
na Bíblia eletrônica Logos.
[94] HENDRIKSEN,
William. Comentário do Novo
Testamento – Colossenses e Filemon. Tradução de Ézia Cunha de Mullins. 1.
ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1993. p.95.
[95] LANGE, John Peter ; Schaff, Philip; Braune, Karl ;
Riddle, M. B.: A Commentary on the Holy Scriptures: Colossians. Bellingham,
WA : Logos Research Systems, Inc., 2008, Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[96] Que eram ocasionalmente
mencionados no Judaísmo entre hostes celestiais dos
[97] Muitas vezes chamado como seres
de outro mundo.
[98] CONSTABLE,
Thomas L. Notes
on Colossians. Comentário Bíblico Disponível em:
Bíblia eletrônica The Word.
[99]
MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand
Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament
Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[100]
MELICK, Richard R.: Philippians, Colissians, Philemon. electronic ed.
Nashville : Broadman & Holman Publishers, 2001, c1991 (Logos Library
System; The New American Commentary 32), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[101]
BRUCE, F. F. The ‘Christ Hymn’ of Colossians
1. 15-20.
Bibliotheca sacra 141,
no. 564 (1984). p. 104.
[102]
WALLACE, Daniel B. Gramática grega:
uma sintaxe exegética do novo testamento. São Paulo: Batista Regular,
2009. p. 379.
[103] A única ocorrência NT outras com um significado
semelhante é 2 Pet. 3:5.
[104] CALVINO,
João. Calvin's New Testament Commentaries
Series, Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1994. Disponível na Bíblia
eletrônica E-sword.
[105]
VAUGHAN, Curtis: Colossians. In: Gaebelein, Frank E. (Hrsg.): The
Expositor's Bible Commentary, Volume 11: Ephesians Through Philemon. Grand Rapids, MI : Zondervan
Publishing House, 1981, Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[106]
Apud O’BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary: Colossians-Philemon. Dallas: Word, Incorporated, 2002
(Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[107] Cf. RIDDERBOS, Herman N. A
teologia do apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do
apóstolo aos gentios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 428.
[108]
O’BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary: Colossians-Philemon. Dallas: Word, Incorporated, 2002
(Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[109] RIDDERBOS, Herman N. A
teologia do apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do apóstolo
aos gentios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 424.
[110]
CALVINO, João. Calvin's
New Testament Commentaries Series, Wm. B. Eerdmans Publishing Company,
1994. Disponível na Bíblia eletrônica E-sword.
[111]
Na filosofia grega Zeus é chamado a “cabeça” (κεφαλή) e é descrito como aquele
em cujo corpo todas as coisas existem.
[112]
O’Brien, Peter T.: Word Biblical Commentary: Colossians-Philemon. Dallas: Word, Incorporated, 2002
(Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[113] RIDDERBOS, Herman N. A
teologia do apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do
apóstolo aos gentios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 58
[114] Ibid
[115]Apud
VAUGHAN, Curtis: Colossians. In:
Gaebelein, Frank E. (Hrsg.): The Expositor's Bible Commentary, Volume 11:
Ephesians Through Philemon. Grand Rapids, MI :
Zondervan Publishing House, 1981, S. 172
[116]
Ibid
[117] O verbo aoristo κατοικῆσαι
(habitar) poderia ser tomado como um ingressivo, caso em que se refere à
encarnação e pode ser traduzido como “começar a viver, para ter a sua
residência”. Talvez seja melhor, embora, entendê-lo como um aoristo constativo
e simplesmente uma referência ao fato de que a plenitude de Deus habita em Jesus
Cristo. Esta é uma casa de habitação permanente, e não temporária, como o
tempo presente em 2.9 deixa claro.
[118]
A tautologia (do grego ταὐτολογία “dizer o mesmo”) é,
na retórica, um termo ou texto que expressa a mesma idéia de formas
diferentes. Como um vício de linguagem pode ser considerada um
sinônimo de pleonasmo ou redundância. A origem do termo vem de
do grego tautó, que significa “o mesmo”, mais logos, que significa
“assunto”. Portanto, tautologia é dizer sempre a mesma coisa em termos
diferentes. Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tautologia
[119]
MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand
Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament
Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[120] VAUGHAN, Curtis: Colossians. In: Gaebelein, Frank E.
(Hrsg.): The Expositor's Bible Commentary, Volume 11: Ephesians Through
Philemon. Grand Rapids, MI : Zondervan Publishing House, 1981, S. 172
[121] WIERSBE, Warren W. Be
Complete (Victor Books, Wheaton, Ill., 1986), 56. Apud Keathley , J.
Hampton, III. The Supremacy of the Work
of Christ Part 1, The Plenitude and Description of His Work (Col. 1:19-20).
Artigo
disponível em:
Acessado em: 07/03/2011
[122]
MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand
Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament
Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[123]
LADD, Presence, 59 – 60 apud HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. 2. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2001. p. 20.
[124] Ibid
[125] Apud KEATHLEY,
J. Hampton, III. The Supremacy of the Work of Christ Part 1, The Plenitude and Description
of His Work (Col. 1:19-20). Artigo
disponível em:
Acessado em: 07/03/2011
[126] HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. 2. ed. São Paulo: Casa
Editora Presbiteriana, 2001. p. 43, 44.
[127] RIDDERBOS, Paul and Jesus, p. 77 apud HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. 2. ed. São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 2001. p. 43, 44.
[128]
MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B.
Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), Disponível na
Bíblia eletrônica Logos.
[129] Ibid
[130] Ver os comentaristas usados para
fazer este trabalho na bibliografia.
[131] THIELMAN, Frank. Teologia
do Novo Testamento: uma abordagem canônica e sintética. São Paulo:
Shedd Publicações, 2007. p. 453
[132] Ibid
[133] RIDDERBOS, Herman N. A
teologia do apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do
apóstolo aos gentios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 84.
[134] THIELMAN, Frank. Teologia
do Novo Testamento: uma abordagem canônica e sintética. São Paulo:
Shedd Publicações, 2007. p. 447
[135] MACARTHUR,
John. Nossa suficiência
em Cristo. 2. ed. São José dos
Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 165
[137] O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary :
Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical
Commentary 44), S. 18
[138] HODGE,
Archibald Alexander. A confissão de fé. p. 117
[139] Ibid
[140]
FIGUEIREDO, Onézio. CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER: Texto
e comentário. Disponível: <http://www.ebenezer.org.br/Download/Onezio/ConfissaoFeWestminster.pdf>
Acessado em 16 Jun. 2011
[141]
Ibid
[142] GRUDEM,
Wayne. Teologia
sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 451
[143] Apud COELHO, Ricardo Moura Lopes; CAMPOS, Heber Carlos de.
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (Orient.). A superioridade de Cristo no exercício de
seu tríplice ofício em relação ao realizado pelos oficiais do Antigo
Testamento. 2007. 158 f. Dissertação (Mestrado) - Centro
Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper - Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, 2007
[144]
CAMPOS, Heber Carlos de. As duas
naturezas do redentor: a pessoa de Cristo. São Paulo: Cultura
Cristã, 2004. p. 182
[146] BETTENSON, H. Documentos da
igreja cristã. 3. ed. São Paulo: Aste Simpósio, 1998. p. 62.
[147] CALVINO, João. As institutas.
IV, VIII, §16
[148] Cf. HODGE, Archibald Alexander. A confissão de fé. São
Paulo: Os Puritanos, 1999. p. 191
[149] BETTENSON, H. Documentos da
igreja cristã. 3. ed. São Paulo: Aste Simpósio, 1998. p. 101.
[150] CAMPOS, Heber
Carlos de. As duas naturezas do redentor: a pessoa de
Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 164
[151] Ibid
[152] HODGE,
Archibald Alexander. A confissão de fé. p. 191.
[153] CAMPOS,
Heber Carlos de. As duas naturezas do redentor: a pessoa de
Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 183.
[154] WESTMINSTER
ASSEMBLY. O catecismo maior
de Westminster. 12. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. (pergunta 38).
[155]
COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Eu
creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parakletos,
2002. p. 224
[156]
Ibid
[157]
CALVINO, João. Exposição de Hebreus. São Paulo: Paracletos, 1997. (Hb 9.14), pp.
231-232
[158] WESTMINSTER
ASSEMBLY. O catecismo maior
de Westminster. (pergunta 39).
[159] COSTA, Hermisten
Maia Pereira da. Eu creio no Pai, no
Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parakletos, 2002. p. 225
[160] Ibid
[161] WILES,
Joseph Pitts. Ensino sobre o
Cristianismo: uma edição abreviada de as institutas da religião
cristã. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1984.
p. 182
[162] FLAVEL, John Apud COELHO, Ricardo Moura Lopes; CAMPOS, Heber Carlos de.
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (Orient.). A superioridade de Cristo no exercício de
seu tríplice ofício em relação ao realizado pelos oficiais do Antigo
Testamento. 2007. 158 f. Dissertação (Mestrado) - Centro
Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper - Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, 2007
[163] WESTMINSTER
ASSEMBLY. O catecismo maior
de Westminster. 12. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. (pergunta 38).
[164]
COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Eu
creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parakletos,
2002. p. 224
[165]
Ibid
[166]
CALVINO, João. Exposição de Hebreus. São Paulo: Paracletos, 1997. (Hb 9.14), pp.
231-232
[167] WESTMINSTER
ASSEMBLY. O catecismo maior
de Westminster. (pergunta 39).
[168] COSTA, Hermisten
Maia Pereira da. Eu creio no Pai, no
Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parakletos, 2002. p. 225.
[169] Ibid
[170] WILES,
Joseph Pitts. Ensino sobre o
Cristianismo: uma edição abreviada de as institutas da religião
cristã. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1984.
p. 182
[171] FLAVEL, John Apud COELHO, Ricardo Moura Lopes; CAMPOS, Heber Carlos de.
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (Orient.). A superioridade de Cristo no exercício de
seu tríplice ofício em relação ao realizado pelos oficiais do Antigo
Testamento. 2007. 158 f. Dissertação (Mestrado) - Centro
Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper - Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, 2007
[172] Ver ANGLADA, Paulo R. B.
Introdução à hermenêutica reformada – correntes históricas, pressuposições,
princípios e métodos linguísticos. Ananindeua, Pará: Knox Publicações, 2006, p.
125.
[173] Ibid p. 125
[174] Ibid p. 100
[175]
Cf. ANGLADA, Introdução à hermenêutica reformada – correntes históricas,
pressuposições, princípios e métodos linguísticos. pp. 179-180.
[176]
Apud CARDOSO, Dario Araújo. Uma Abordagem
Cristocêntrica para os Sermões Biográficos. FIDES REFORMATA XV, Nº 1
(2010): 57-79
[177] KUYPER apud ANGLADA, Introdução à Hermenêutica Reformada. p.
125.
[178]
“É a condição humana recíproca que os crentes contemporâneos partilham com
aqueles ou aquele a quem o texto foi escrito que requer a graça da passagem.”
(CHAPELL, Pregação
cristocêntrica: restaurando o
sermão expositivo. São Paulo, p. 44,).
[179]JONES
apud CHAPELL, Bryan. Pregação cristocêntrica: restaurando o
sermão expositivo. São Paulo:
Cultura Cristã, 2002.p.
294.
[180] VEER, M. B. van’t. Christological Preaching on Historical Material of the Old Testament.
Disponível
em: http://www.spindleworks.com/library/veer/veer2.html. Acesso em: 26 jun.
2011.
[181] CHAPELL,
Bryan. Pregação
cristocêntrica: restaurando o
sermão expositivo. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. p. 290.
[182]
Apud ANGLADA, Paulo. Spurgeon e o
Evangelicalismo Moderno. São Paulo, Editora Os Puritanos, 1996. p. 31
[183] ADAMS,
Jay Edward. Conselheiro capaz. 3. ed.
São Paulo: Editora Fiel, 1977. p.55.
[184] Ibid
[185] Cf. BOOR, Cartas aos Efésios,
Filipenses e Colossenses.
[186] MACARTHUR, John. Nossa suficiência em Cristo. 2. ed. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 102.
[187] Ibid
[188] TRIPP, Paul
David. Instrumentos nas Mãos do Redentor. São Paulo: NUTRA, 2009. PP. 17 – 38.
[189] Cf. Ibid
[190] MACARTHUR,
John. Nossa suficiência
em Cristo. 2. ed. São José dos
Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p.
15
[191] MACARTHUR,
John. Nossa suficiência
em Cristo. 2. ed. São José dos
Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 159
[192] KEATHLEY, J. Hampton, III. The
Supremacy of the Work of Christ Part 1, The Plenitude and Description of His
Work (Col. 1:19-20). Artigo disponível em:
Acessado em: 07/03/2011
[193] WALLACE, Daniel. Colossians:
Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia
Eletrônica The Word
[194]
Cf. O’Brien, Peter T.: Word Biblical Commentary : Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002
(Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[196]
KEATHLEY, J. Hampton, III. The Supremacy
of the Person of Christ (Col. 1:15-18). Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado em: 07/03/2011
[197]
WALLACE, Daniel B. Gramática grega:
uma sintaxe exegética do novo testamento. São Paulo: Batista Regular,
2009. P. 128